As ações da Embraer subiram 4,42% nesta terça-feira, 1º de julho, por conta de uma encomenda de 45 jatos E195-E2 pela companhia aérea Scandinavian Airlines (SAS) no valor de US$ 4 bilhões.

Essa é a maior encomenda feita pela empresa europeia diretamente a um fabricante desde 1996. Além dos 45 jatos, o acordo dá direito de compra à SAS para mais 10 aeronaves, completando 55 no total, com entregas adicionais ao longo de quatro anos, caso o pedido extra se concretize.

Segundo relatório do BTG Pactual, o contrato reforça a empresa da fabricante brasileira em território europeu. “O pedido de hoje (segunda-feira, 1º) da SAS resolve as preocupações com a fila de pedidos do E2 e aproxima a Embraer de um caminho sólido de crescimento na Europa. Com o acordo da SAS, a companhia brasileira garantiu contratos importantes em todas as suas unidades de negócios este ano”, escreveram os analistas Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Samuel Alkmin.

Ainda conforme o relatório do BTG, os últimos pedidos que a Embraer recebeu do modelo E2 de jatos foram da japonesa ANA Holding, com 20 aeronaves (15 consolidados e mais cinco como opção futura) em fevereiro deste ano, dois da Luxair, de Luxemburgo, feitos no fim de 2024, e oito da Virgin Australia, realizados em agosto.

Em junho, a Embraer recebeu pedido da companhia regional americana SkyWest para a compra de 60 aeronaves, com direitos de compra para mais 50 jatos. O valor do contrato celebrado foi de US$ 3,6 bilhões, com previsão de início das entregas também em 2027.

Os analistas do BTG apontam a necessidade da empresa em superar as preocupações sobre problemas na cadeia de suprimentos, em especial na fabricação de motores. “As entregas da Embraer no segundo trimestre foram ligeiramente mais baixas em comparação com o ano passado, e acreditamos que isso demonstra algumas limitações burocráticas e gargalos nas cadeias de suprimentos.”

Para o Itaú BBA, as vendas do modelo E2 devem reforçar a estratégia de crescimento da empresa, melhorando o desempenho operacional e a eficiência de custos da fabricante brasileira.

“Nossa visão é positiva. O pedido da SAS vem logo após o acordo com a SkyWest, o que reforça o fluxo de notícias construtivas em torno do programa de jatos comerciais da Embraer. O tamanho desta transação tem sustentado uma forte reação positiva do mercado, pois apoia uma adição de US$ 2 bilhões ao atual backlog (que representa o valor total de pedidos firmes por aeronaves e serviços), de US$ 26,4 bilhões, da Embraer”, escreveram Daniel Gasparete, Gabriel Rezende e Pedro Tineo.

Recentemente, a SAS foi classificada como a companhia aérea mais pontual do mundo, segundo levantamento da plataforma de dados de aviação Cirium, que analisou o desempenho de 660 empresas de aviação no mundo.

O anúncio da encomenda bilionária ocorre duas semanas após a Embraer ter perdido contrato de fornecimento para a companhia aérea polonesa LOT Polish Airlines, que passará a comprar as aeronaves da francesa Airbus.

A revelação foi feita durante a edição deste ano da Paris Air Show, uma das maiores feiras de aviação do mundo. A empresa polonesa se comprometeu a comprar 40 jatos Airbus A220, com possibilidade de ampliar o pedido para 84 aeronaves. O valor do contrato celebrado chegou a US$ 2,7 bilhões.

Os jatos americanos irão substituir justamente os 44 aviões de primeira geração da Embraer, ainda em operação pela companhia polonesa. Na ocasião, a empresa brasileira manifestou sua insatisfação com a perda do contrato e atribuiu a vitória da Airbus, na disputa comercial, à influência política em detrimento de aspectos econômicos.

Na B3, as ações da Embraer acumulam alta de 39% em 2025. Nos últimos 12 meses, a alta acumulada alcança 119%. O market cap da fabricante brasileira de aeronaves é de R$ 59,5 bilhões.