Mercado Livre e Gol anunciaram nesta terça-feira, 19 de abril, uma parceria que vai fortalecer a logística do companhia de e-commerce, avaliada em US$ 55 bilhões na Nasdaq. Com duração de 10 anos, o acordo prevê o fornecimento de seis aeronaves cargueiras, sendo três delas entregues até junho deste ano e outras três em 2023.

A parceria fará com que o Mercado Livre aumente sua capacidade de entrega por via aérea de 10 milhões para 40 milhões de pacotes por ano. As novas aeronaves devem fortalecer a operação de e-commerce principalmente no Norte e Nordeste. O plano é reduzir o tempo de entrega para essas regiões, passando de oito para dois dias.

Atualmente, o Mercado Livre opera em conjunto com a Sideral, que fornece desde 2020 aeronaves para a operação aérea da empresa de e-commerce. O novo acordo com a Gol não impede que o Mercado Livre firme parcerias com outras companhias aéreas para o fornecimento de novas aeronaves.

Caso precise aumentar sua frota futuramente, no entanto, a tendência é de que novas aeronaves da Gol sejam utilizadas pelo Mercado Livre. O acordo com a empresa aérea permite que o Mercado Livre solicite mais seis aeronaves até 2025.

Apesar de reduzir o tempo de entrega, o uso do transporte aéreo deverá encarecer os custos do Mercado Livre, mas o cliente não será impactado. “O custo é maior para fazer a entrega com avião do que com transporte rodoviário”, diz Fernando Yunes, vice-presidente do Mercado Livre no Brasil. “Mas Esse custo não será repassado ao consumidor.”

Para que a conta feche, o plano do Mercado Livre é aumentar sua presença nas regiões onde hoje a entrega leva mais tempo para ser feita. “Temos um grande ganho no prazo de entrega na fidelização dos clientes”, diz Yunes”. “Isso democratiza o acesso ao e-commerce.”

O Mercado Livre não informou quanto está investindo na parceria. A companhia se limitou a dizer que o acordo faz parte do pacote de investimentos de R$ 17 bilhões que a empresa anunciou para este ano no Brasil.

Do lado da Gol, a parceria fará com que a companhia aumente a receita da divisão Gol log, voltada para a operação logística, em R$ 100 milhões neste ano e em R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos. “Esses números dizem respeito exclusivamente a parceria com o Mercado Livre”, afirmou Paulo Kakinoff, presidente da Gol.

As aeronaves fornecidas pela Gol serão convertidas de modelos que transportam passageiros para aviões cargueiros do modelo Boeing 737-800 BCF. Elas também vão receber uma pintura especial na cor amarela e trarão o logo do Mercado Livre.

A conversão não vai impactar na operação da companhia, já que parte das aeronaves da Gol ainda estava ociosa. A oferta regular de voos comerciais ainda não voltou aos mesmos níveis do período pré-pandemia.

A Gol pretende encerrar este ano com 136 aeronaves, sendo 44 Boeing 737-MAX 8 e 92 Boeing 737-NG. As seis novas aeronaves de carga devem permitir que a companhia tenha uma economia de R$ 25 milhões no processo de transformação da frota neste ano e de R$ 75 milhões no próximo ano.

A economia será gerada pela redução dos custos de devolução das aeronaves, que surgem com o fim dos contratos de leasing.  “À medida que essas aeronaves não serão devolvidas, mas convertidas, esses custos serão evitados porque os contratos serão estendidos na versão cargueiro”, afirma Kakinoff.