A Votorantim e a Itaúsa deram mais um passo no plano de comprar a participação da Andrade Gutierrez na CCR, e parecem contar com a simpatia de dois membros do bloco de controle da companhia de concessões de transportes para concretizar a operação.
Em comunicado ao mercado, a CCR divulgou que a Soares Penido e o Grupo Mover, antiga Camargo Corrêa, informaram que não pretendem exercer o direito de preferência sobre a fatia da Andrade Gutierrez na companhia, uma possibilidade prevista pelo acordo de acionistas.
O comunicado informou ainda que tanto a Soares Penido quanto o Grupo Mover não se opõem à venda das ações para a Itaúsa e à Votorantim, com base nos termos apresentados.
Essa é uma sinalização importante, porque quando a Andrade Gutierrez tentou vender sua participação na CCR para a gestora IG4, no ano passado, as negociações para a assinatura de um novo acordo de acionistas não foram em frente.
Em maio do ano passado, a Andrade Gutierrez recebeu uma oferta da IG4 para vender sua parcela de 14,86% na CCR por R$ 4,6 bilhões, ou R$ 15,44 por ação, valor superior aos oferecido, em março deste ano, pelo consórcio formado por Itaúsa e Votorantim, de R$ 4,1 bilhões, o equivalente a R$ 13,75 por ação.
A proposta da IG4 previa ainda a possibilidade de aumentar o valor por ação a R$ 16,90, dependendo do desempenho da CCR nos 12 meses seguintes ao fechamento da operação.
Mas a falta de acordo entre IG4 e os membros do bloco de controle da CCR, junto com a demora da Andrade Gutierrez em fechar um acordo para renegociação de dívidas com alguns bancos, levaram ao fracasso das negociações.
Agora, com a sinalização positiva de alguns dos principais acionistas da CCR, a expectativa é de que a Andrade Gutierrez siga em frente na intenção de vender a sua fatia na concessionária de transportes, ainda que por um valor menor.
A empreiteira está se desfazendo de seu principal ativo para reduzir seu endividamento e conseguir recursos para lidar com as dificuldades operacionais que vem enfrentando desde a deflagração da Operação Lava Jato, em 2014, situação piorada pela pandemia.
Se a proposta do consórcio for concretizada, a Itaúsa ficará com 10,33% do capital social da concessionária, pagando um total de R$ 2,9 bilhões. A Votorantim já tem uma participação de 5,8% na CCR. Com o acordo, passaria a deter os mesmos 10,33% previstos para Itaúsa.
A CCR tem em seu portfólio algumas das principais concessões do país, como a Nova Dutra, rodovia que liga São Paulo ao Rio de Janeiro; a Linha-4 Amarela do metrô paulistano; e o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, Minas Gerais.
Ela também detém participação acionária nas concessionárias dos aeroportos internacionais de Quito, no Equador, e de San José, na Costa Rica.
Na quarta-feira, 20 de abril, as ações da CCR encerraram o pregão no valor de R$ 13,75, o mesmo proposto por Itaúsa e Votorantim, fazendo com que o valor de mercado da concessionário de rodovias seja de R$ 27,8 bilhões.