Poucas pessoas personificam a Cogna como Rodrigo Galindo, que está na companhia desde 2011. Ao longo de sua trajetória, ele ajudou o grupo educacional a se transformar em um dos maiores do mundo e fez uma série de aquisições que fortaleceram a companhia.
Mas essa era está chegando ao fim. Na quinta-feira à noite, 10 de fevereiro, a Cogna informou que Galindo está deixando o comando da empresa e passará a ocupar a presidência do conselho de administração a partir de 28 de março. Em seu lugar, assumirá Roberto Valério, CEO da Kroton, o braço de ensino superior da companhia.
Mas será que a saída de Galindo do comando da Cogna é o começo de uma nova era? Em relatório divulgado a clientes nesta sexta-feira, 11 de fevereiro, o BTG Pactual disse que a mudança envia uma mensagem de continuidade ao mercado.
“Valério sempre foi considerado por muitos stakeholders como o braço direito de Galindo”, escreveram os analistas do BTG Pactual, Samuel Alves, Yan Cesquim e Pedro Lima, que resolveram manter a recomendação da Cogna como neutra, com preço-alvo de R$ 2,60 nos próximos 12 meses.
“O cenário para o segmento de graduação continua desafiador, dada a alavancagem operacional negativa dos campi da Kroton”, justificaram. Os papéis sobem 2,5% por volta das 12h15, cotados a R$ 2,49. Os papéis sobem 2,5% por volta das 12h15, cotados a R$ 2,49.
Uma mensagem de continuidade não é exatamente o que a Cogna precisa neste momento. Com ações sendo negociadas na mínima histórica, o grupo educacional está longe de seu auge, nos anos de 2015 e 2017, quando surfou a onda do programa federal Fies, que dava crédito para os estudantes cursarem ensino superior.
Várias tentativas foram feitas para que Cogna voltasse a recuperar o brilho da época do Fies. Em outubro de 2019, quando passou a adotar o nome corporativo Cogna, o grupo se dividiu em quatro divisões: Kroton, para ensino superior; Somos, de educação básica; Platos, que reuniu o portfólio de produtos e serviços para o ensino superior; e Vasta, uma operação B2B focada em educação básica.
No fim de 2020, em mais uma tentativa de convencer o mercado, a Cogna apresentou um plano de atingir um Ebitda de R$ 2,4 bilhões e uma geração de caixa de R$ 1 bilhão, em 2024. Mas, até agora, Galindo não tem conseguido entregar resultado e rentabilidade à Cogna.
Em sua nova função, Galindo deverá ter um papel mais estratégico à frente do board e focará no processo de digitalização da Cogna. Segundo comunicado divulgado pela empresa, a sucessão do comando da Cogna começou a ser planejada em 2018, mas foi interrompida por conta da pandemia.
“Esperamos o momento certo para implementar essa mudança,” disse Galindo, no fato relevante divulgado pela Cogna. “A companhia entregará um importante crescimento de rentabilidade em 2021, tem fundamentos sólidos e as perspectivas são bastante favoráveis.”
Valério, que assume o lugar de Galindo, está na Cogna desde 2014, época da aquisição da Anhanguera, operação da qual era o CEO.
Correção: a primeira versão desta reportagem dizia que o Goldman Sachs tinha a Cogna com preço-alvo de R$ 7. Esse preço-alvo na verdade é da Vasta em dólar