Assim que subiu ao palco do South Summit Brazil, a empresária Luiza Helena Trajano, chairman do Magazine Luiza, foi bastante aplaudida pela plateia de quase 2 mil pessoas, que se abarrotavam para assistir a sua apresentação.
Ao longo de sua conversa com Veronica Serra, fundadora do fundo Innova, sua fala foi interrompida por aplausos, principalmente quando falou de sua trajetória empreendedora e sua visão otimista sobre o Brasil.
Mas Luiza Helena não fugiu de temas polêmicos. Quando questionada sobre como reagir à chegada de vários concorrentes chineses, ela foi direta. “Não tem jeito de competir se você paga 37% de imposto e o outro não paga”, disse Luiza Helena. “Não pagar imposto é o negócio da China.”
De acordo com ela, que em nenhum momento citou a Shein, empresa chinesa que está ganhando tração no mercado brasileiro, o Instituto para o Desenvolvimento de Varejo (IDV), que reúne os principais varejistas do Brasil, está trabalhando nessa questão.
E a reivindicação é simples. “Nós não queremos pagar imposto, porque eles não pagam. Queremos ter a mesma vantagem que o outro tem”, afirmou Luiza Helena, sendo bastante aplaudida.
O IDV, disse Luiza Helena, também vai trabalhar em uma campanha de conscientização do consumidor. Segundo a empresária, é preciso que o consumidor saiba que está comprando um produto barato, mas que está tirando emprego do Brasil. A empresário frisou que não é contra os chineses no Brasil, mas que eles precisam atuar com regras iguais que os outros competidores.
A chinesa Shein tem se transformado em um verdadeiro pesadelo para os varejistas brasileiros de vestuário, segundo uma pesquisa realizada pela Aster Capital, uma gestora long-only com mais de R$ 600 milhões de ativos sob gestão, publicada com exclusividade pelo NeoFeed.
No ano passado, Shein movimentou R$ 7,1 bilhões em vendas online de roupas. O Magazine Luiza, no período, transacionou R$ 3 bilhões, valor que inclui a Netshoes. Na sequência aparece a Dafiti, com R$ 2,5 bilhões. Na quinta posição está a taiwanesa Shopee, com R$ 2,1 bilhões.
Para se ter uma ideia de como Shein está à frente dos players tradicionais, a soma de suas vendas foi maior do que as realizadas por Dafiti, Renner (R$ 1,5 bilhão), Soma (R$ 1,2 bilhão), Arezzo (R$ 1 bilhão), Guararapes/Riachuelo (R$ 619 milhões) e C&A (R$ 511 milhões) somadas.
Na sua conversa com Verônica Serra, Luiza Helena Trajano criticou também os juros altos. “Onde já se viu os juros estarem em 13,75%? Não tem cabimento”, disse a empresária.
Luiza Helena alegou que só faria sentido ter um juro alto se houvesse um excesso de consumo. E, ao seu jeito espontâneo, questionou a plateia.
“Alguém aí está com excesso de consumo?” Ela mesma respondeu. “Não tem excesso de consumo, pelo contrário. Então, não tem razão de ter um juro desses. Isso que é duro.”