O private equity está em alta. Ao menos, para os family offices. Isso é o que mostra um estudo feito com 179 family offices na América do Norte realizado pelo banco canadense Royal Bank of Canada (RBC) e pela Campden Wealth, organização americana que representa empresas familiares, investidores e family offices.
De acordo com o relatório, dos family offices que pretendem aumentar seus investimentos em 2023, 46% querem destinar recursos para fundos de private equity e 41% desejam investir diretamente em empresas privadas. No venture capital, 35% das respondentes têm interesse em alocar recursos no próximo ano.
Em 2022, 61% dos fundos de family offices na América do Norte contavam com investimentos em VC em suas carteiras. Já o private equity estava presente em quase 90% das carteiras de investimento dos escritórios de fundos familiares.
“Vejo um pouco de equilíbrio no balanceamento dos portfólios dos family offices”, afirma Caio Ramalho, coordenador do curso de MBA em private equity e venture capital da Fundação Getulio Vargas e sócio da Faerûn Ventures. “Há uma reacomodação por conta do ajuste nos preços das empresas de tecnologia.”
O interesse dos family offices no private equity abre uma porta que até então era pouco explorada pelas gestoras deste segmento. “Por serem veículos maiores, o private equity costuma ter mais investimentos de fundos de pensão e endowments”, diz Ramalho.
Um dos motivos que fazem com que o interesse aumente para o private equity é o fato de que, segundo o estudo, os fundos deste tipo tiveram um melhor desempenho em relação a outros fundos em 2021. A taxa de retorno foi de 22% contra 20% de retorno de investimentos diretos em empresas e 13% em investimentos em fundos de fundos.
O estudo também aponta que os family offices estão mais pessimistas com as quedas de valor no mercado de companhias de capital aberto e há preocupações crescentes com a inflação, com o aumento da taxa de juros e com uma potencial recessão econômica. "A história principal deste ano é sobre private equity", escreveu Rebecca Gooch, diretora sênior de pesquisa da Campden Wealth, no estudo.
Os fundos de private equity investem em negócios mais maduros e consolidados. O retorno pode ser um pouco menor, assim como também o risco. Já o venture capital aposta em companhias iniciantes ou em estágio de crescimento. Muitas vezes, elas não dão lucro e seus modelos de negócios, apesar de inovadores, não foram provados.
Nos Estados Unidos, um levantamento realizado pela Pitchbook apontou que os deals de venture capital somaram US$ 194,9 bilhões entre janeiro e setembro deste ano. O valor é 43% menor do que os US$ 343,6 bilhões no mesmo período de 2021.
Já no private equity, a maré está alta. Segundo o estudo do Pitchbook, o valor investido nos primeiros nove meses de 2022 foi de US$ 819 bilhões. É maior do que o montante de US$ 787 bilhões registrado no mesmo período de 2021.
No Brasil, os aportes de fundos de private equity investiram R$ 35,8 bilhões no acumulado do ano até setembro contra R$ 4,5 bilhões dos primeiros nove meses de 2021 e dos R$ 6,2 bilhões de 2020. Os dados são de um levantamento da Abvcap e da KPMG.