Com a vitória na Pensilvânia, o democrata Joe Biden torna-se o 46º presidente dos Estados Unidos, segundo as projeções das principais empresas de mídia americanas, como o The New York Times, a CNN e a AP.
"Estou honrado por ter sido escolhido para liderar nosso grande país. O trabalho que temos pela frente será árduo, mas prometo o seguinte: serei um presidente para todos os americanos, quer você tenha votado em mim ou não", escreveu Biden, em seu Twitter.
Biden supera ao presidente republicano Donald Trump, que não deve reconhecer a vitória e vai contestar o resultado na Justiça. Nos últimos dias, Trump tem dito que a eleição é uma fraude, sem apresentar fatos que comprovem sua afirmação. “O fato é que esta eleição está longe de acabar”, afirmou Trump, em comunicado divulgado à imprensa.
A discussão deve se arrastar por muito tempo e pode chegar à Suprema Corte dos Estados Unidos. Enquanto isso, o que esperar de Biden nos próximos quatro anos, se o resultado nas urnas for confirmado pela Justiça?
Para o economista Dean Baker, um dos fundadores do Centro de Pesquisa Econômica e Política em Washington, o futuro do país depende da administração da atual crise.
"É impossível pensar em retomada econômica se a pandemia não está sob controle. Minha aposta é que, num primeiro momento, as novidades cheguem neste sentido. Acredito que um novo pacote de estímulo seja discutido, bem como diretrizes de segurança para a reabertura do comércio", disse o economista ao NeoFeed.
De acordo com Baker, é provável que um novo salário mínimo seja colocado em pauta assim que as coisas se "normalizarem". Em sua plataforma de campanha, Biden defendeu a adoção de um salário base federal de US$ 15/hora. Atualmente, cada estado estabelece os seus valores.
Biden deve se concentrar também na restauração da reputação americana com aliados. Em especial, os europeus. Nesse sentido, o democrata deve prestar mais atenção à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Nato, da sigla em inglês).
A batalha comercial contra a China deve ganhar novos capítulos. Biden defende que o país governado por Xi Jinping seja responsabilizado por suas falhas, mas em vez de adotar tarifas unilaterais, o democrata propõe a criação de uma coalizão internacional. De acordo com seu plano de governo, a China não poderia ignorar a união de várias democracias – mas ele dá detalhes sobre essa aliança.
Um dos compromissos mais ambiciosos assumidos por Biden é o de reverter as políticas que permitem que filhos sejam separados de suas mães na fronteira do México. Esse projeto, aliás, aconteceria em até 100 dias a partir da posse do democrata.
Na questão dos imigrantes, Biden se comprometeu a manter o projeto herdado da era Obama, o Dreamers, que permite a permanência legal de crianças que foram trazidas por seus familiares sem documentação para os Estados Unidos.
Outra bandeira importante para a campanha democrata é a expansão da Affordable Care Act, ou simplesmente Obamacare. A lei, promulgada e implementada pelo ex-presidente Barack Obama, em 2010, tem como meta tornar planos de saúde mais baratos e abrangentes.
Sob essa legislação, por exemplo, empresas de saúde ou seguro não podem recusar atender um cliente por alguma condição pré-existente. A medida é criticada por uma parcela da população e Donald Trump ameaçou por diversas vezes extinguir o programa, sem apresentar uma alternativa.
Já Biden quer ampliar o Obamacare para que 97% dos americanos consigam ter um acesso a seguro de saúde. Membros do partido democrata mais à esquerda esperavam a estruturação de um sistema de saúde público, mas o candidato não incluiu a promessa em seu plano de governo.
O ponto talvez mais urgente da agenda de Biden é a questão climática, que veio à tona, inclusive, nos debates que antecederam as eleições. "Vai demorar muito tempo para que recuperemos os estragos que foram feitos durante a gestão de Trump e acredito que o mundo chegaria a um ponto sem volta com a reeleição do republicano", disse ao NeoFeed o ativista inglês Anders Lorenzen, fundador da plataforma A Greener Life, A Greener World.
Sob a liderança de Biden, os Estados Unidos devem voltar a fazer parte do Acordo de Paris, o tratado climático que trazia metas de redução da emissão de carbono, assinado em 2016 por diversos países. O acordo previa que os EUA reduzissem em 28% sua emissão de gases poluentes até 2025.
Embora existisse a expectativa de que o democrata abraçasse a pauta progressista do Green New Deal, uma proposta mais ousada para combater a mudança climática de uma ala do Partido Democrata, Biden optou por outro plano.
O democrata defende a injeção de US$ 1,7 trilhão de investimento federal na pesquisas de tecnologias "limpas". A meta de Biden é zerar toda a emissão de poluentes dos Estados Unidos até 2050.
"A agenda do Biden não é o melhor cenário para o meio ambiente, mas das duas escolhas apresentadas aos americanos, certamente é a melhor. Eu só espero que, uma vez no poder, Biden mantenha sua postura de diálogo e abrace a opinião dos especialistas", diz Lorenzen.
Biden conta atualmente com 273 ou 284 votos dos delegados eleitorais - algumas empresas de mídia ainda não consideram o resultado final do estado do Arizona. Os estados de Nevada, Geórgia, Carolina do Norte e Alaska ainda não concluíram a apuração e os resultados não permitem projeções.
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