Desde que assumiu como CEO da Oi, em janeiro de 2020, o executivo Rodrigo Abreu deixou claro que seu plano era transformar a operadora em uma empresa de fibra óptica, atuando no varejo e no atacado.

Nesta segunda-feira, 29 de março, a companhia está dando um passo importante em sua estratégia. A Oi anunciou que irá atuar no mercado de fibra em São Paulo, o maior e mais lucrativo dessa área, entrando em uma região dominada pela Telefônica Vivo.

O anúncio foi feito por Abreu, durante teleconferência com analistas do mercado, em que apresentou os resultados do quarto trimestre de 2020, cujo lucro somou R$ 1,79 bilhão, graças a um crédito de imposto de renda e contribuição social diferidos no valor de R$ 3,46 bilhões.

A meta é concluir os testes do negócio de fibra em São Paulo no primeiro trimestre de 2021. Oficialmente, para clientes de varejo e empresariais, o serviço será lançado ao longo do segundo trimestre de 2021.

A infraestrutura para atuar no mercado de São Paulo já está pronta. Será uma rede de 5,2 mil quilômetros de fibra. “O plano é ter 400 mil domicílios cobertos em 2021 e com potencial de chegar a 2 milhões de lares em 2022”, afirmou Abreu.

Em 2020, o negócio de fibra da Oi atingiu 9 milhões de casas passadas pelo Brasil, com 2,1 milhões de clientes, um crescimento de 212% na comparação com o quarto trimestre de 2019.

Em dezembro, a receita de fibra somou R$ 180 milhões, o que significa uma receita anualizada de R$ 2,2 bilhões. De acordo com a Oi, 20% dos novo clientes optaram velocidades igual ou superior a 400 Mbps (megabits por segundo) no último mês do ano passado.

O anúncio acontece em um momento em que a Oi está em negociações exclusivas com o BTG Pactual para vender uma fatia majoritária da InfraCo, sua unidade de fibra óptica que deve atuar como uma rede neutra, prestando serviços para diversas empresas, além da própria Oi.

A transação, estimada em mais de R$ 20 bilhões, criará uma das maiores empresas de infraestrutura de fibra óptica do Brasil, com 400 mil quilômetros de fibra e meta de atingir 32 milhões de casas passadas até 2025.

Em 2021, o plano da Oi, que manterá os investimentos por conta própria na evolução de sua rede de fibra, é atingir entre 14,5 milhões e 16 milhões de casas passadas com a infraestrutura da empresa.

Durante o anúncio da operação em São Paulo, Abreu disse que a operação de fibra óptica já está operando debaixo do conceito de rede neutra.

A chegada da Oi em São Paulo vai acirrar a disputa em São Paulo, região com a maior quantidade de competidores na área de banda larga. Claro e Vivo detém uma fatia de 72,3% de todas as conexões de alta velocidade no estado, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A TIM Live fica com apenas 2,6% do mercado.

Em relação à conexões de banda larga com fibra óptica, a Vivo tem 47% de todos os acessos. A TIM aparece em segundo lugar, com 6%, seguida de Americanet (5%) e Claro (4,3%).

Nacionalmente, a estratégia da Oi em focar em banda larga com fibra óptica já está apresentando resultados. Em 2020, a Oi conquistou 1,4 milhão de novos clientes a fibra. A Vivo adicionou 899 mil clientes no mesmo período.

As ações ordinárias e preferenciais da Oi subim mais de 5%, por volta das 13h30. A operadora, que espera sair de sua recuperação judicial no fim deste ano, está avaliada em R$ 11,4 bilhões.

Até o fim do ano, a Oi espera concluir a venda de sua unidade de telefonia móvel, um negócio de R$ 16,5 bilhões, para a TIM, Vivo e Claro. A companhia estima que o leilão judicial, para decidir o InfraCo, seja realizado no segundo trimestre deste ano.