Em termos de volume, desenvolvimento e maturidade, não há nenhuma dúvida de que as bolsas de valores americanas estão bem à frente da B3. Mas quando o tema em questão são as perspectivas de curto prazo, o mercado brasileiro de capitais leva, ao que tudo indica, uma boa vantagem nessa comparação.
Ao menos sob a ótica de uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo Itaú BBA. Realizada entre os dias 26 de agosto e 1º de setembro junto a 46 investidores institucionais brasileiros, a sondagem revela que 52,2% dos analistas e gestores de carteiras têm uma visão positiva sobre o mercado local de ações para os próximos três meses.
Destacada em um relatório assinado por Marcelo Sá, estrategista-chefe de ações do Itaú BBA, a pesquisa mostra ainda que 41,3% dos entrevistados têm uma visão neutra e que apenas 6,5% deles enxergam um quadro negativo para o mercado brasileiro de capitais.
A avaliação é bem diferente quando o que está em análise são as perspectivas para o mercado acionário dos Estados Unidos: 70,5% dos entrevistados têm uma visão negativa para as bolsas americanas; 25%, uma perspectiva neutra; e somente 4,5% uma visão positiva.
No caso do Brasil, os investidores revelaram quais são os setores da economia com uma expectativa mais favorável. Utilities liderou o ranking, com 67,4% dos votos. Na sequência, vieram bens de consumo e varejo, com 58,7%; grandes bancos, com 56,5%; saúde, com 41,3%; e transporte e logística, com 37%.
A pesquisa traz ainda as empresas pinçadas como as “melhores escolhas” pelos investidores no mercado local. A Eletrobras ficou no topo, com 34,8%, e o Itaú Unibanco na vice-liderança, com 19,6%. A Localiza completa o “pódio”, com 17,4%. A relação também inclui a Petrobras, com 13% das citações, e o trio formado por Sabesp, BTG Pactual e Eneva, empatado com 8,7%.
Entre os fatores considerados chave para as decisões de investimento destacaram-se a forte geração de fluxo de caixa, com 50%, além da expectativa de revisão dos lucros e da perspectiva de valorização ou de retorno mais atraente em comparação com a média histórica, ambos com uma fatia de 43,5%.
Ao mesmo tempo, os investidores ressaltaram a inflação global como o aspecto mais relevante para o comportamento da bolsa brasileira nos próximos três meses. Nesse quesito, as curvas de juros globais e as eleições brasileiras vieram logo na sequência, com 45,7%.