Fundador e CEO da gestora Pershing Square Capital Management, o bilionário Bill Ackman não ficou satisfeito com a decisão do Federal Reserve (Fed) de elevar a taxa de juros para uma faixa de 2,25% até 2,5%. Para ele, o aumento deveria ter sido maior.
"Uma taxa neutra de 2,25 a 2,5% só faz sentido em um mundo com 2% de inflação estável", escreveu o investidor em sua conta no Twitter. "Não faz sentido em um mundo com 9%, 6% ou até 4% de inflação." Para Ackman, o ideal teria sido um aumento em torno de 4%.
No começo desta semana, o Fed elevou a alíquota em 0,75 ponto percentual. Foi o quarto aumento na taxa de juros sancionado no ano para tentar combater a alta da inflação que, nos últimos 12 meses, já acumula alta de 9,1%, a maior já registrada em mais de 40 anos no país.
Em pronunciamento realizado no começo dessa semana para anunciar o aumento na taxa de juros, Jerome Powell, presidente do Fed, deu a entender que, apesar da elevação divulgada, o órgão poderia desacelerar as taxas no futuro.
Ackman, no entanto, não acredita que isso vá acontecer. "Não acho que haja qualquer perspectiva de voltar a 2% sem taxas materialmente mais altas, 4% ou mais, que sejam mantidas nesses níveis por longos períodos", tuitou.
Ele ainda afirmou que “as opiniões de Powell sobre a taxa neutra serviram apenas para aliviar materialmente as condições financeiras, tornando o problema da inflação pior e seu trabalho mais difícil”.
Ackman também comentou sobre a reação do mercado ao anúncio. No fechamento de terça-feira, dia em que o Fed elevou a taxa, as ações da S&P 500 terminaram o dia com alta de 3,85% e ficaram acima de 4 mil pontos pela primeira vez em quase dois meses.
"Os mercados de ações e títulos subiram substancialmente desde (os comentários de Powell), pois a implicação é que as taxas não precisam aumentar muito mais", disse ele. "O problema é que não estamos perto de uma taxa neutra."
Essa não foi a primeira vez que Ackman defendeu o aumento dos juros nos EUA. Em maio, o investidor chegou a escrever em sua conta no Twitter que o Fed “perdeu credibilidade” ao não fazer “o necessário” para conter o aumento dos preços.
Do outro lado da história, os consecutivos aumentos na taxa de juros dos EUA vêm causando abalos sísmicos nos valores de mercado de gigantes americanas. No começo de maio, quando o Fed aumentou a taxa de juros em 0,5%, empresas como Apple, Meta, Amazon e Microsoft chegaram a perder US$ 408 bilhões em valuation.
Dados do Macrotrends apontam que o impacto foi menor nas elevações mais recentes das taxas. No dia em que o novo aumento da taxa de juros foi anunciado, as quatro empresas viram seus respectivos valores de mercado caírem US$ 159 bilhões. Após a queda inicial, no entanto, as quatro gigantes viram esses valores de mercado se recuperarem ao longo da semana.