Em janeiro de 2020, quando fundaram uma startup de benefícios corporativos, os empreendedores Eduardo del Giglio e Renan Mendes queriam batizá-la com um nome que fosse bem brasileiro e que representasse versatilidade. A escolha acabou sendo uma fruta típica do Nordeste do país, o caju, que pode ser apreciado de várias maneiras - seja como suco, em uma caipirinha, pura ou até mesmo comendo apenas a castanha.
Um ano e meio depois, a Caju já se vê nacionalizada, com presença em todos os estados, e tem como principal produto um cartão de benefícios que é aceito em qualquer estabelecimento que aceite o cartão Visa. Mas a companhia não quer parar por aí e, agora, busca novas receitas para a fruta.
A startup acaba de receber um aporte de R$ 45 milhões, em uma rodada Série A liderada pelo Valor Capital e pela Caravela Capital, com participação de Volpe Capital, Picus Capital, FJ Labs e Clocktower Technology Ventures.
“Com os recursos, vamos investir na ampliação do time e na construção de novas soluções e produtos”, afirma Eduardo del Giglio, um dos fundadores e CEO da Caju, ao NeoFeed. Hoje, a empresa conta com 40 funcionários e tem a expectativa de dobrar o quadro até o fim do ano.
Dados da operação, como faturamento e quantidade de clientes, são guardados a sete chaves pela Caju, mas a startup afirma que o número de empresas atendidas já chega à casa dos milhares. Entre as principais, estão companhias como PicPay, Loft, Gympass e RD Station. Ao todo, a startup está presente em 400 cidades.
A Caju nasceu com o objetivo de ser um cartão de benefícios que, por ser uma bandeira Visa, pode ser usado para compras em qualquer estabelecimento comercial, em um esforço para se contrapor aos cartões dos competidores tradicionais do mercado, como Alelo, Sodexo e Ticket.
Uma das vantagens para o usuário, segundo a startup, é que os valores de um benefício podem ser migrados para outro. Por exemplo, se o funcionário quiser pedir um carro em um aplicativo de transporte e não tiver mais saldo no vale-mobilidade, poderá usar recursos do vale-alimentação, apenas fazendo a transferência no aplicativo da Caju.
Segundo o CEO da startup, a ideia é incluir ainda benefícios como investimento em previdência, crédito e antecipação de salários. No mês passado, a Caju lançou um seguro de vida, em parceria com a insurtech 180º Seguros.
Está também nos planos permitir que o aplicativo seja usado para a empresa fazer gestão de pessoal. “Queremos, por exemplo, que o aplicativo possa perguntar ao funcionário se ele está bem e, a depender da resposta dele e de outros empregados, a empresa possa fazer uma ação, como depositar R$ 50 na conta de cada um para fazer um happy hour”, diz Giglio.
Para o Valor Capital, que já havia liderado uma rodada seed para a Caju de R$ 13 milhões, o investimento na startup se justifica em um cenário no qual empresas estão mais preocupadas com a atração e retenção de talentos, indo além da simples contratação e na concessão dos benefícios mínimos previstos em lei.
“Eles agora estão percebendo que é igualmente importante examinar as taxas de rotatividade e o valor dos gastos com a retenção de funcionários”, afirma Antoine Colaço, sócio do Valor Capital.
De acordo com ele, os benefícios são uma ferramenta cada vez mais importante para atrair e reter funcionários. A Valor também investe na Quansa, de educação financeira e antecipação de salários para funcionários, e na Gympass, focada em academias de ginástica.
A Caju, é claro, não é a única que tem buscado surfar o cenário desenhado por Colaço. Startups como a Flash, Benê e Vee também apostam em benefícios corporativos flexíveis para convencer as empresas a investirem mais em seus funcionários. A primeira, aliás, recebeu um aporte de US$ 22 milhões em junho, em rodada liderada pela Tiger Global.