Pouco mais de um ano após ser comprada pela Yduqs, em uma operação que movimentou R$ 208 milhões, a QConcursos, edtech que nasceu como uma plataforma para auxiliar estudantes a se prepararem para concursos públicos está se tornando uma holding para atacar diferentes frente do mercado de educação.

Chamada de grupoQ, a holding nasce oficialmente nesta segunda-feira, 4 de julho, e terá duas empresas debaixo do seu guarda-chuva: a QConcursos e a QCarreiras, focada em cursos preparatórios para o mercado de trabalho. Uma terceira frente, chamada de Prisma e voltada a conteúdos de prepararação para o vestibular, deverá ser lançada ainda neste ano pelo grupo.

“A gente começou a questionar o que mais poderia fazer e como poderia trabalhar a questão da empregabilidade. Isso culminou no nascimento de uma holding que usa tecnologia para esse fim”, diz Caio Moretti, CEO da QConcursos, em entrevista ao NeoFeed.

Para 2023, o objetivo é expandir as operações. Ao menos duas novas startups podem ingressar no grupo. O plano é centrar a atuação dessas duas empresas no segmento B2B, um mercado que a QConcursos ainda não explorou. Uma das operações está sendo desenvolvida dentro da própria holding, enquanto a outra chegaria para ser incubada ou por meio de uma aquisição.

De acordo com Moretti, que assumiu o cargo de CEO da operação em 2019, após passar por empresas como Liga Ventures e Edools, o objetivo é criar uma plataforma de conteúdo educacional.

“Empresas como Spotify e Netflix contribuíram para a massificação do entretenimento nos últimos anos, com a oferta de conteúdo personalizado e de forma barata”, diz Moretti. “A nossa tese é fazer isso com educação.”

Fundada em 2008 por Fernando Machado – que deixou a operação após o negócio com a Yduqs no ano passado –, a QConcursos é uma das principais edtechs do país considerando o número de estudantes. Atualmente, a conta com mais de 460 mil assinantes.

Em maio desse ano, a companhia passou a atacar a frente de cursos técnicos com o lançamento do QCarreiras, que, em parceria com empresas com Estácio, Ibmec e XP, permite estudar conteúdos voltados para áreas de tecnologia, gestão, marketing, mercado financeiro e desenvolvimento pessoal (o que inclui estatística, fotografia, negociação, entre outros cursos).

Caio Moretti, CEO da QConcursos

Agora sob o comando de Moretti, o plano é fazer com que a holding tenha 1 milhão de alunos até o fim de 2025. “O Brasil tem um alto índice de desemprego e a educação é cara. O que faz com que as pessoas não tenham bons empregos e a roda não gire”, diz Moretti.

Para alcançar essa meta, uma das estratégias está relacionada com a internacionalização do negócio. “Não tem uma data definida, mas já pensamos em olhar para fora, para países que têm problemas semelhantes aos encontrados no Brasil”, diz o executivo. No radar estão alguns mercados a América Latina e, possivelmente, países que também têm o português como idioma oficial.

Um dos obstáculos será a concorrência acirrada no mercado de educação. Em junho, a Gran Cursos, que talvez seja a principal rival da QConcursos e que conta com mais de 460 mil alunos, fez sua primeira aquisição. A companhia anunciou a compra da universidade UniBagozzi, de Curitiba, para entrar no ensino superior.

“Vamos competir com os gigantes do mercado”, disse Gabriel Granjeiro, fundador da Gran Cursos, ao NeoFeed na época. Ele se refere a empresas como Cogna, Ser Educacional, Ânima, Uniasselvi/UniCesumar e a própria Yduqs. Segundo Granjeiro, a empresa vai investir R$ 150 milhões nos próximos três anos na operação.

Do lado do grupoQ, a competição não assusta. “Eu fico feliz pela quantidade de pessoas que agora estão olhando para a educação. Pena que demorou tanto”, diz Moretti. “A realidade é que precisamos mexer na educação de base e baratear o ensino. Dá sim para ganhar dinheiro cobrando menos.”