Depois de concluir, em dezembro passado, seu décimo ano à frente da Apple, Tim Cook iniciou 2022 com boas notícias. Durante o pregão de 3 de janeiro, a empresa da maçã superou a barreira de US$ 3 trilhões em valor de mercado, sendo a primeira companhia no mundo a conquistar esse feito.
A avaliação da empresa recuou algumas casas nos dias seguintes. Mas no fim desta semana, um outro número voltou a colocar a Apple e seu CEO sob os holofotes. Assim como a conta bancária do executivo americano de 61 anos.
Um documento registrado pela empresa na Securities and Exchange Commission (SEC) mostra que Cook reforçou seu patrimônio com um pacote de compensações no valor de US$ 98,7 milhões, um salto de mais de 500% sobre o montante a que teve direito em 2020, de US$ 14,8 milhões.
Boa parte do crescimento desses ganhos veio do fato de que, no primeiro dia do ano fiscal de 2021 da Apple, iniciado no fim de setembro de 2020, a empresa concedeu um prêmio de ações restritas avaliadas em US$ 82,3 milhões. A medida foi um incentivo para que ele seguisse à frente da operação.
O montante inclui ainda fatores como US$ 3 milhões em salário e um bônus de US$ 12 milhões pelo alcance de metas financeiras e de sustentabilidade ambiental da operação. E representa 1.447 vezes a remuneração total média dos funcionários da Apple, de US$ 68,2 mil.
No registro, a Apple acrescentou que seu comitê de compensação leva em conta a lucratividade da empresa na comparação com operações semelhantes, como a Alphabet, a Microsoft, a Amazon e a Meta (ex-Facebook). Em 2021, a Tesla foi incorporada a essa cesta.
“Foi uma década notável para a Apple e, em 2021, o Sr. Cook recebeu um prêmio de ações pela primeira vez desde que foi promovido ao posto de CEO”, afirmou a empresa no documento enviado à SEC.
Além do cheque milionário em si, a cifra traduz, em certa medida, uma vitória pessoal de Cook. Foi cercado de bastante desconfiança que o executivo assumiu o comando da companhia, em 24 de agosto de 2011.
No mercado, não foram poucas as vezes que sua capacidade foi colocada em xeque. Especialmente pelo fato de que seu antecessor era Steve Jobs, um ícone não apenas nos círculos da empresa, mas em todo o mercado. E que viria a falecer menos de três meses depois, vítima de um câncer.
Desde então, Cook convive com essa pressão e com os comentários de que a Apple perdeu seu DNA de inovação, sendo superada pela concorrência nesse quesito. Guardadas as devidas proporções, essas análises não são de todo exageradas. Mas os números insistem em desmenti-las.
Quando Cook se tornou CEO, por exemplo, a avaliação da empresa girava em torno de US$ 350 bilhões. Depois de ultrapassar US$ 3 trilhões na segunda-feira passada, hoje, a companhia está avaliada em US$ 2,82 trilhões.
Já no exercício fiscal de 2021, encerrado em 25 de setembro, a Apple concluiu o melhor ano de sua história, com indicadores recorde. A receita líquida cresceu 33%, para US$ 365 bilhões. Enquanto o lucro líquido ficou em US$ 94,6 bilhões, contra US$ 57,4 bilhões, um ano antes.
No período, o iPhone, ainda a grande vedete da companhia, gerou uma receita de US$ 191,9 bilhões, alta de 39%. Ao mesmo tempo, todas as outras linhas do portfólio também reportaram crescimentos de duplo dígito.
A receita do iPad, por exemplo, avançou 34%, para US$ 31,8 bilhões e a de serviços teve um salto de 27%, para US$ 68,4 bilhões. Na esteira desses números, a Apple fechou 2021 com uma valorização de 33,8% em suas ações.