Fundado em 1977 pelo bilionário americano Paul Singer e com US$ 48 bilhões sob gestão, o fundo ativista Elliott Management é conhecido por liderar movimentos de acionistas para pressionar por mudanças em grandes empresas, como Tesla, Twitter e Dell, e, posteriormente, reduzir suas participações, com as ações em alta.
Agora, ao que tudo indica, o mais novo alvo das investidas do fundo é a Toshiba. Segundo uma reportagem do jornal britânico Financial Times, O Elliot Management vem construindo uma participação significativa no grupo japonês.
Pessoas próximas à companhia asiática descreveram o movimento como a composição de uma “matilha” de acionistas ativistas. Mas ressaltaram que a participação da Elliott Management na operação não ultrapassa a fatia de 5%.
“Nosso investimento na Toshiba reflete a forte convicção no valor subjacente da empresa”, afirmou a Elliott Management, em nota enviada ao Financial Times. “Temos sido encorajados pela natureza construtiva do nosso envolvimento com a companhia nos últimos meses.”
A estratégia do Elliott Management acontece em um momento no qual o Conselho de Administração da Toshiba está prestes a concluir uma revisão estratégica da companhia. O plano será anunciado depois de pressões de acionistas ativistas, que culminaram nas trocas de executivos do alto escalão.
Em abril, por exemplo, o presidente do grupo, Nobuaki Kurumatani, renunciou ao posto, em meio a uma investigação iniciada por investidores ativistas sobre suas práticas de gestão. Ele foi substituído por Satoshi Tsunakawa.
A campanha dos fundos ativistas busca uma estratégia que amplie consideravelmente o preço das ações da companhia. Uma das alternativas seria a venda da operação para uma empresa de private equity.
Também em abril, a Toshiba anunciou que havia recebido uma oferta de US$ 20 bilhões da CVC Capital Partners. Outros dois fundos também teriam mostrado interesse no ativo e, posteriormente, recuado. Hoje, a empresa está avaliada em US$ 18,9 bilhões.
De acordo com pessoas próximas à empresa, os acionistas ativistas deixaram claro que, se a revisão estratégica mostrar que a Toshiba não buscou atividades a possibilidade de uma venda, eles irão votar contra futuras propostas da companhia.
Há, no entanto, outras opções na mesa. Entre elas, a venda das principais subsidiárias do grupo e o uso desses recursos para financiar uma grande recompra de ações da companhia.
No caso do Elliott Management, famoso por protagonizar muitos desses embates, ao interesse na Toshiba está alinhado com outros investimentos recentes em companhias japonesas. Em fevereiro de 2020, por exemplo, o fundo desembolsou US$ 2,5 bilhões para comprar ações do Softbank.
O olhar do Elliott também se estende ao mercado brasileiro. No País, o fundo chegou a negociar um aporte de cerca de R$ 10 bilhões na Oi, em 2016, para que a operadora quitasse dívidas e fizesse investimentos. A negociação foi encerrada, no entanto, meses depois.