Em dezembro de 2022, durante evento destinado a investidores, em Nova York, a Vale deixou claro que uma das suas prioridades é a busca de um investidor para compartilhar e acelerar a operação em sua unidade de metais básicos, rebatizada agora como divisão de metais de transição energética.
De olho no aumento da demanda por esses materiais, usados na produção de baterias para carros elétricos, a companhia brasileira projetou, na época, que a entrada de um sócio seria essencial para dividir um investimento estimado em US$ 20 bilhões para atender esse mercado.
Enquanto negocia a chegada de um parceiro para essa empreitada, a Vale está reforçando o time da área e com um nome de peso no segmento. Trata-se de Jerome Guillen, executivo que, entre outras passagens, foi presidente executivo da divisão automotiva da Tesla.
Ele era considerado um dos homens de confiança de Elon Musk. Guillen trabalhou na Tesla por 10 anos e deixou a empresa em 2021.
“Jerome desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento do mercado de veículos elétricos”, afirmou Eduardo Bartolomeo, CEO da Vale, em conferência com analistas. “Certamente, ele agregará um valor imenso à nossa estratégia de materiais de transição energética.”
Guillen está desembarcando na Vale como o primeiro diretor independente da área de metais de transição energética. Desde dezembro de 2021, os negócios da divisão são comandados por Deshnee Naidoo, que ocupa a vice-presidência executiva da unidade.
“Jerome ficou na Tesla por dez anos. Ele vai ajudar muito a destravar esse valor imenso que temos na empresa”, afirmou Gustavo Pimenta, CFO da Vale. “Quando falamos em separar essa unidade é justamente para trazer talentos que possam nos ajudar. E esse é um exemplo excelente desse plano.”
Guillen deixou a Tesla em junho de 2021, três meses depois de assumir a liderança da unidade de caminhões da montadora. Antes, ele comandou por cerca de três anos a divisão automotiva da empresa.
Durante esse período, entre outras medidas, a Tesla inaugurou sua primeira fábrica no exterior, em Xangai, e ajudou a expandir as parcerias da empresa no fornecimento de células de baterias.
No caminho para ganhar tração na área, essa não é a primeira vez que os negócios de metais básicos da Vale se cruzam com a Tesla. Em maio de 2022, a companhia fechou um contrato para o fornecimento de níquel Classe 1 para a montadora de Elon Musk nos Estados Unidos.
Dois meses antes, a empresa brasileira já havia costurado um acordo plurianual para o fornecimento de níquel de baixo carbono com a sueca Northvolt AB. E, em novembro de 2022, foi a vez da assinatura de um contrato de longo prazo para fornecer sulfato de níquel para a General Motors (GM), também nos Estados Unidos, com um volume de 25 mil toneladas por ano.
À parte dessa carteira, Bartolomeo disse aos analistas na manhã desta sexta-feira, 17 de fevereiro, que a empresa segue fazendo progressos na venda de uma fatia minoritária da operação. “Esperamos compartilhar mais informações ainda neste primeiro semestre”, afirmou o executivo.
Em dezembro de 2022, a Vale destacou que o plano era elevar a produção de cobre na divisão da faixa de 335 mil a 370 mil toneladas, em 2023, para 900 mil toneladas por ano até 2030. Nessa equação, a venda de uma fatia envolveria uma participação minoritária de 10% na operação.
Lucro em queda
No quarto trimestre de 2022, a Vale reportou um lucro líquido de US$ 3,7 bilhões, o que representou uma queda de 30,4% sobre igual período, um ano antes. No ano, o recuo na última linha do balanço foi de 32,3%, para US$ 16,7 bilhões.
Entre outubro e dezembro, a receita líquida da operação ficou em US$ 11,9 bilhões, uma retração de 12,3%. Já no ano consolidado, a receita líquida caiu 19,5%, para US$ 43,8 bilhões.
No último trimestre de 2022, a Vale registrou um Ebitda ajustado de US$ 4,6 bilhões, uma queda de 2,1%. Levando-se em conta o resultado de 2022, o indicador também mostrou uma redução, de 36,9%, para US$ 19,7 bilhões.
Juntamente com o resultado, a empresa informou que seu Conselho de Administração aprovou a distribuição de dividendos no valor total bruto de R$ 8,13 bilhões, correspondente à quantia de R$ 1,827646133 por ação, apurados conforme o balanço de 30 de setembro de 2022.
Segundo a companhia, o valor dos dividendos pode sofrer uma pequena variação até a data de corte, programada para 13 de março, em função do programa de recompra de ações, que impacta o número de ações em tesouraria.
As ações da Vale estavam sendo negociadas com ligeira queda de 0,8% por volta das 12h50 na B3. Em 2023, os papéis da companhia, avaliada em R$ 408,6 bilhões, registram uma desvalorização de 0,45%.