Depois de um período de mais três anos em que liderou a reestruturação da Via, Roberto Fulcherberguer está deixando o comando do grupo dono da Casas Bahia e do Ponto. Para o seu lugar, a varejista escolheu Renato Franklin, ex-CEO da Movida.
Segundo o fato relevante divulgado pela Via na noite de sexta-feira, 31 de março, Franklin assumirá o posto em 1º de maio. Até lá, as funções de CEO serão exercidas interinamente e de forma conjunta por Abel Ornelas e Sérgio Augusto Leme, respectivamente, vice-presidente comercial e de operações e vice-presidente administrativo e diretor de relações com investidores.
A Movida tinha anunciado a saída de Franklin na manhã do mesmo dia. Para o seu lugar, a locadora de veículos do grupo Simpar escolheu Gustavo Moscatelli, CFO e diretor de relações com investidores, que assumirá a posição de maneira interina.
Com passagem também pela Vale, além dos mais de oito anos como CEO da Movida, período em que liderou o IPO da companhia, em 2017, Franklin vai assumir uma empresa que passou por uma ampla reestruturação nas mãos de Fulcherberguer.
Dar sequência a esse trabalho será apenas uma de suas atribuições. O executivo também terá de lidar com os efeitos da alta dos juros e da desaceleração da economia, além da reorganização do cenário competitivo do setor, na esteira dos problemas enfrentados pela Americanas.
Apesar desses desafios, Franklin assumirá uma empresa bem mais estruturada do que a operação que seu antecessor assumiu há pouco mais de três anos.
Fulcherberguer foi nomeado CEO da Via, então chamada Via Varejo, em julho de 2019, depois de o empresário Michael Klein retomar o controle da varejista. Na época, a companhia estava nas mãos do grupo francês Casino, que vinha tendo grandes dificuldades de tocar a operação e que, desde 2017, tentava se desfazer do ativo.
O executivo era o homem de confiança de Klein. Os dois trabalharam juntos por quase duas décadas, desde o tempos de Casas Bahia, no começo de 2000. Quando a companhia se uniu ao Grupo Pão de Açúcar, dando origem à Via Varejo, Fulcherberguer se tornou vice-presidente comercial da empresa.
Ao assumir a principal posição, um dos primeiros desafios foi justamente posicionar a companhia no mundo virtual, que perdia muitos clientes para o Magazine Luiza e para as operações de e-commerce, e expandir a operação para além do varejo.
Nos três anos em que esteve no comando, Fulcherberguer trabalhou, entre outras frentes, para que o grupo evoluísse para uma abordagem multicanal; ampliasse os tentáculos da sua área financeira, com a digitalização de produtos, entre eles, seu famoso crediário; e avançasse no modelo de marketplace, explorando ainda modelos como logística as a service e a oferta de fulfillment aos sellers da sua plataforma.
Para isso, além de ajustes nas operações, apostou em aquisições. Entre os movimentos feitos, no começo do ano passado, a Via fechou a compra da empresa de soluções logísticas para e-commerce CNT. Em 2020, adquiriu o controle do banQi, banco digital criado em parceria com a americana Airfox.
Seu caminho à frente da operação não foi feito, claro, sem percalços. Enquanto trabalhou para transformar a Via, teve que lidar com problemas como as bilionárias despesas trabalhistas, que pesaram no desempenho financeiro do grupo. Os resultados apurados pela varejista no quarto trimestre mostraram, no entanto, que essa linha está agora sob controle.
As ações da Via fecharam o pregão de sexta, 31, com queda de 2,59%, a R$ 1,88. Em 12 meses, elas acumulam queda de 54,9%, levando o valor de mercado a somar R$ 3 bilhões.