No início desta semana, a Via Varejo anunciou a aquisição de uma fatia de 16,67% no Distrito, hub independente de startups. A intenção é clara. Estreitar os laços com esse ecossistema para estabelecer conexões, fazer possíveis investimentos e, quem sabe, descobrir um novo unicórnio brasileiro.

Essa próxima startup bilionária pode estar, no entanto, dentro de casa. E atende pelo nome de banQi, como é conhecida a conta digital lançada pela varejista em meados de 2019 e que começou a ser desenvolvida um ano antes, em uma parceria com a startup americana Airfox. “O banQi é, sem dúvida, um candidato a unicórnio”, diz Roberto Fulcherberguer, CEO da Via Varejo, em entrevista ao NeoFeed.

O aplicativo oferece uma conta corrente, permite fazer transferências, recargas de celular e pagar boletos, contas e, inclusive, o velho carnê da Casas Bahia. Entre outros serviços, é possível ainda fazer depósitos, pagamentos em QR Code e saques gratuitos em lojas da varejista e também em lotéricas. “Nós assumimos definitivamente a operação em maio, com a aquisição de 100% da empresa. E já estamos com números super fortes.”

Esses indicadores foram revelados, pela primeira vez, na noite da última quarta-feira, quando a Via Varejo divulgou seu resultado do terceiro trimestre. E mais do que o volume, o que chama atenção é a velocidade com que o negócio está ganhando escala.

O aplicativo encerrou o trimestre com 1,1 milhão de contas, sendo que 600 mil delas foram ativadas entre julho e setembro, mesmo com parte das lojas da rede fechadas no período. Dentro dessa base, a companhia registrou 430 mil clientes ativos, com ao menos uma transação realizada.

O banQi já contabiliza R$ 1,2 bilhão de crediários digitais sob gestão, dos quais, R$ 685 milhões foram realizados também nesse intervalo. O volume total de pagamentos está na casa de R$ 120 milhões, com R$ 81 milhões também no trimestre.

“O custo de aquisição é baixo, de menos de R$ 15, o que permite acelerar muito a entrada de clientes”, diz Fulcherberguer. “E uma boa parcela já está optando em migrar o carnê diretamente para o aplicativo”, completa, sobre outro possível motor da conta.

Roberto Fulcherberguer, CEO da Via Varejo, comemorando o Black Friday de 2019

Apesar desse avanço, o banQi ainda tem números mais modestos quando comparado às ofertas de rivais. Lançado em janeiro e integrado ao superapp do Magazine Luiza, o MagaluPay, por exemplo, encerrou o terceiro trimestre superando a marca de 2 milhões de contas abertas.

Já o Ame Digital, da B2W, contabilizou um volume total de pagamentos de R$ 1,1 bilhão no período, alta de 225% sobre o terceiro trimestre de 2019. O aplicativo alcançou uma base de 12,5 milhões de downloads em setembro.

Quem está à frente nessa corrida, porém, é o Mercado Livre. Levando-se em conta todas as operações do marketplace na América Latina entre julho e setembro, a conta digital do Mercado Pago, seu braço financeiro, reportou US$ 3,2 bilhões em transações, a partir de uma base de 13,7 milhões de pagadores únicos em sua plataforma.

Para reduzir a distância dos rivais, a Via Varejo prepara agora os próximos passos para trazer o que, de fato, é o nome do jogo para o segmento: recorrência. Uma das medidas é a inclusão de novas ofertas, entre elas, a integração com serviços como Uber e Netflix.

“Vamos entrar com crédito pessoal, recarga de bilhete único e uma série de serviços para resolver muitos dos problemas do cliente da classe C e D”, diz Orivaldo Padilha, vice-presidente financeiro da Via Varejo. Ele acrescenta que boa parte dessas novidades estará disponível até o primeiro trimestre de 2021.

No mesmo período, a Via Varejo vai começar a oferecer aos usuários a possibilidade de financiar a compra de produtos, via crediário, em seu marketplace. Além de dar mais uma opção aos clientes, na outra ponta, a empresa irá remunerar os sellers da plataforma com uma comissão a cada transação.

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