Além dos registros de quedas nas vendas e das polêmicas em torno de sua participação no governo do presidente Donald Trump, o bilionário americano Elon Musk, dono da montadora Tesla, tem agora mais uma preocupação em vista: a gigante chinesa Xiaomi.
A empresa asiática, com forte presença global no setor de tecnologia, surpreendeu o setor automotivo com a enorme procura pelo recém-lançado SUV elétrico YU7. Na primeira hora após o lançamento do modelo, a Xiaomi recebeu quase 300 mil pedidos de compra.
“Em apenas dois minutos, recebemos 196 mil pré-encomendas pagas e 128 mil pedidos confirmados”, disse o CEO da Xiaomi, Lei Jun, em um vídeo divulgado pela companhia após o lançamento do veículo, na noite de quinta-feira, 26 de junho. “Talvez estejamos presenciando um milagre na indústria automotiva da China.”
O desempenho fez com que as ações da empresa chinesa registrassem alta de 3,6% na sexta-feira, 27 de junho, na Bolsa de Hong Kong. Logo no início do pregão, os papéis da Xiaomi dispararam 8%, atingindo uma máxima histórica.
No acumulado de 2025, os papeis da companhia operam em alta de 73,3%. Com isso, a Xiaomi está avaliada em cerca de US$ 190 bilhões, empresa de capital aberto com melhor desempenho na região Ásia-Pacífico, segundo a empresa de dados financeiros London Stock Exchange Group (LSEG).
Fique Por Dentro
Outro ponto de atenção para a Tesla tem sido justamente em relação ao preço do veículo da concorrente chinesa. O modelo YU7, vendido a US$ 35,6 mil, tem um valor 4% abaixo do modelo Y da Tesla. Esse é apenas o segundo automóvel lançado pela fabricante de smartphones.
Em março do ano passado, a empresa causou impacto no mercado de veículos elétricos com o lançamento de seu primeiro modelo, o sedã SU7. Na ocasião, o carro superou as vendas do Model 3, da Tesla, na China em um mês. A iniciativa chegou a receber elogios do CEO da Ford, Jim Farley.
Especialistas do setor dão como certa a aceleração do ritmo de perda de mercado na Tesla entre os chineses. Em 2020, a empresa de Elon Musk tinha um market share de 15% no País. No ano passado, essa marca caiu para 10%, e, nos primeiros cinco meses de 2025, chegou a 7,5%. Em 2025, a China representou cerca de um quinto da receita da companhia americana.
Analistas do banco Citi disseram, em nota aos clientes, que a empresa pode ter que cortar ainda mais os preços, oferecer seu software de assistência ao motorista Full Self-Driving (FSD) gratuitamente e oferecer mais incentivos financeiros se quiser competir com sucesso com a Xiaomi, segundo informou a Reuters.
Ainda que o CEO da Xiaomi tenha reconhecido que o software de assistência ao motorista da Tesla seja superior, ele destacou uma série de outros recursos nos quais disse que o YU7 superou o Model Y.
Relacionados
O modelo básico do YU7 é equipado com uma bateria de 96,3 kWh, oferecendo uma autonomia de até 835 quilômetros com uma única carga e suporte para carregamento rápido de alta potência. Isso se compara ao alcance máximo de 719 km do Tesla Model Y redesenhado, que usa uma bateria menor de 78,4 kWh.
Os bancos traseiros têm gavetas para armazenamento e o software de assistência ao motorista do YU7 não tem custo extra, enquanto a Tesla cobra 64 mil yuans (US$ 8,9 mil) por seu software de direção inteligente, acrescentou o executivo.
O premiê da China, Li Qiang, usou a edição deste ano do Fórum Econômico Mundial, em Tianjin, realizado nesta semana na cidade chinesa de Tianjin, para reforçar a intenção do país em seguir como principal potência de consumo no mundo, com destaque para as políticas de estímulo a produtos de alto valor agregado, como veículos elétricos.