Al Gore, ex-Vice-Presidente dos Estados Unidos, está otimista com a COP,30, que será realizada em novembro, em Belém (PA), para o mundo consolidar, de fato, uma economia de baixo carbono e sustentável. E, para ele, o Brasil tem um papel essencial nesse contexto e é uma excelente oportunidade de investimento.

“Eu tenho a impressão que os brasileiros não têm ideia de como o Brasil é central para essa discussão e para virar o jogo do mundo", afirmou o também Sócio Fundador e Presidente da Generation Investment Managment, gestora com cerca de US$ 45 bilhões sob gestão, em painel na Expert XP, na manhã desta sexta-feira, 25 de julho.

"É uma das maiores economias do mundo e tem cerca de 90% da sua energia limpa. O mundo quer ser o Brasil, e vocês sabem como chegar lá."

Ele deixou claro que a transição energética não é uma opção, e sim, o único caminho. Isso porque, por muito tempo, a ideia era a extração e o uso dos recursos sem pensar na sua finitude. Mas com um mundo de 8 bilhões de pessoas e recursos cada vez mais necessários, é mandatório pensar na sustentabilidade para a economia girar nas próximas décadas.

Ao mesmo tempo, acrescentou Gore, as novas tecnologias já produzem energia mais barata que as de combustível fóssil.

“O que a indústria fóssil nos disse nos últimos anos que seria caríssimo mudar, já sabemos que é mentira. Veja o exemplo da energia solar, é a mais barata do mundo hoje. E na China, cerca de metade da frota de veículos já é elétrica e será mais de 80% em cinco anos”, disse Gore.

Para ele, nesse contexto, essa é a grande oportunidade de investimento no momento. Não à toa, sua gestora conseguiu bater diversos benchmarks e dar um retorno atrativo para seus investidores. E por acreditar na centralidade do Brasil, abriu um escritório em São Paulo para estar mais próxima a oportunidades, ressaltando que 80% dos investimentos da Just Climate — braço de investimentos climáticos da Generation Investment Management — serão alocados no País.

“As pessoas acham que investir de forma sustentável é nobre por querer um mundo melhor, mas não dá lucro. Não é nada disso. Nós queremos altos lucros e temos certeza de que o melhor jeito para isso é investir nas oportunidades da economia do futuro”, explicou.

“Por isso estamos aqui no Brasil. O País está no centro do debate sobre o uso da terra e da biodiversidade, e pode transformar seus ativos naturais em oportunidades de negócios lucrativos”, observou.

Segundo ele, a transição energética tem sido financiada em mais de 80% por investidores privados exatamente por esse fator. Há demanda por esses recursos e o que falta, muitas vezes, é apenas vontade política. Ele citou o caso dos Estados Unidos, afirmando que o presidente Donald Trump faz o que a indústria do petróleo quer, diferentemente do Brasil.

“O Brasil tem a Petrobrás, mas investe em diversas energias renováveis e tem sido pioneiro em muitas tecnologias. É um exemplo”, afirmou, acrescentando: “Se você quer trabalhar com moda, vá a Paris. Se quer investir na natureza para resolver a crise climática, venha ao Brasil.”