Antes, eles eram melhores amigos. Agora, Elon Musk e Donald Trump estão a um passo de se tornarem inimigos - até que novamente façam as pazes. Mas, em meio a essa briga, sobrou para as ações da Tesla.

A montadora de carros elétricos sofreu a maior queda diária no seu valor de mercado na Nasdaq. A empresa “apagou” US$ 153 bilhões e encerrou a quinta-feira, 5 de junho, com capitalização abaixo de US$ 1 trilhão.

Para cair aos US$ 916 bilhões de valor de mercado, a ação da Tesla recuou 14% enquanto Musk, via plataforma X, brigava com Trump em torno do projeto de lei orçamentário.

O conflito tem origem na proposta de eliminação dos créditos fiscais de US$ 7.500 para compradores de veículos elétricos. É o que Trump vem chamando de "projeto de lei grande e bonito".

Ironicamente, Musk havia defendido publicamente o fim desses subsídios no ano passado, argumentando que "isso só ajudaria a Tesla" e pedindo a remoção de subsídios de todas as indústrias.

Contudo, a posição do bilionário mudou drasticamente. O bilionário dono da Tesla, que liderava o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), deixou oficialmente a administração Trump na sexta-feira, 30 de maio. E passou a chamar o projeto de lei sobre impostos e gastos de uma “abominação nojenta”.

Agora, por meio da unidade de energia solar da Tesla, Musk argumenta que "encerrar abruptamente os créditos fiscais de energia ameaçaria a independência energética da América e a confiabilidade de nossa rede elétrica".

A mudança de tom de Musk reflete a realidade financeira da Tesla. A empresa registrou sua primeira queda nas vendas anuais em 2024, e uma redução de 71% no lucro líquido apenas no primeiro trimestre do ano. O declínio nas vendas foi atribuído em parte ao “efeito rebote” contra as atividades políticas de Musk.

O conflito entre Musk e Trump também vai além da questão dos créditos fiscais. O projeto de lei também propõe uma taxa anual de US$ 250 para motoristas de veículos elétricos, o que poderia impactar ainda mais a demanda. Segundo analistas do J.P. Morgan, o fim dos créditos fiscais poderia representar um prejuízo de US$ 1,2 bilhão no lucro anual da Tesla.

Confronto Público

A tensão entre os dois escalou rapidamente para um confronto público. Trump declarou que Musk estava "se desgastando" e que pediu para ele deixar o governo, removendo também o "mandato de VE que forçava todos a comprar carros elétricos que ninguém mais queria".

O presidente americano expressou decepção com Musk, questionando se ainda teriam uma boa relação.

Musk respondeu de forma contundente nas redes sociais: "Sem mim, Trump teria perdido a eleição, os democratas controlariam a Câmara e os republicanos seriam 51-49 no Senado".

As ações da Tesla acumulam queda de quase 18% apenas nesta semana e estão com desempenho negativo de cerca de 30% no ano, bem distante do pico de US$ 488,54 alcançado em 18 de dezembro.