A Tesla, montadora de carros elétricos de Elon Musk. anunciou na sexta-feira, 11 de abril, que deixará de aceitar pedidos na China de modelos produzidos nos Estados Unidos, como os sedãs Model S e os utilitários esportivos Model X.

A novidade segue o anúncio feito pelo país asiático sobre as tarifas de importação. Após duas semanas de vai e vem com Donald Trump, Pequim decidiu nivelar forças e impor uma tarifa de 125% para os produtos provenientes dos Estados Unidos. No lado contrário da moeda, essas taxas chegaram a 145%, após novos ajustes.

Isso não significa que os chineses não poderão mais comprar os modelos da Tesla. Mas, se eles quiserem os modelos, precisam aproveitar para adquiri-los enquanto há estoque, já que qualquer nova entrega será taxada.

A notícia pode não ser tão ruim para a companhia de Musk, já que o Model S e o Model X representam apenas uma pequena fração de suas vendas na China. Em 2024, foram comercializadas 2 mil unidades desses modelos, enquanto foram vendidas 661.820 unidades do Model 3 e Model Y, ambos produzidos em território chinês.

Mesmo assim, a novidade não deixa de ser um problema. Isso porque, nos últimos seis meses, a produção da fábrica da Tesla em Xangai registrou quedas consecutivas, com entregas recuando cerca de 22% apenas no primeiro trimestre de 2025. Em 2024, mais de um quinto da receita da Tesla foi proveniente da China.

Agora, com a nova restrição, a marca de Musk deve perder ainda mais espaço para a BYD, a marca de carros mais vendida por lá. Antes mesmo das tarifas, os números já não fechavam.

Entre janeiro e março deste ano, a montadora de Musk entregou 336.681 carros no mundo, contra os 387 mil reportados no primeiro trimestre de 2023. A BYD, por outro lado, vendeu 416.338 automóveis no mesmo período.

No fim de 2024, a montadora chinesa já havia ultrapassado a Tesla em receita. Agora, com dois modelos a menos no catálogo, esse números só tendem a crescer.

O problema é que, do lado da Tesla, não são apenas os carros que contam na hora da venda. Grande parte das perdas da montadora nos últimos meses estão relacionadas com uma reação negativa internacional contra Musk e seu envolvimento na política global, que, no momento, parece estremecido.

Segundo a Bloomberg, até um dos analistas mais otimistas de Wall Street, que não teve seu nome citado, decidiu reduzir o preço-alvo para as ações da Tesla no início da semana. O seu posicionamento aumentou as preocupações do mercado de que a empresa possa ser ainda mais afetada pela troca de farpas entre Washington e Pequim.

Nesta manhã, os papéis da Tesla perdiam cerca de 1,5% de seu valor. Na semana, porém, as ações acumulam alta de 11,6%.