Não é de hoje que, entre as tantas unidades de negócio que compõem o portfólio do Mercado Livre, o Mercado Pago, é a divisão que, não raro, ganha destaque nos resultados do gigante latino-americano a cada trimestre.

Disposto a se aprofundar nessa operação, o Itaú BBA se debruçou sobre dados de mercado e números que não costumam ser realçados nesses balanços, tendo como recorte a unidade no Brasil. E, em paralelo, uma comparação com Stone e da PagBank.

Com essa lupa nas entrelinhas de cada operação, o banco chegou a alguns “veredictos”. No primeiro deles, o Mercado Pago já se estabeleceu como um “concorrente digno” no Brasil nos espaços de adquirência e crédito. E, mais do que isso, já supera seus dois pares em alguns indicadores relevantes.

“O negócio geral do Mercado Pago no Brasil gerou um lucro de mais de R$ 2 bilhões em 2023 (ou seja, mais do que PagBank e Stone), além de benefícios indiretos para a plataforma de varejo”, escrevem os analistas do Itaú BBA.

No detalhe dos números, somando adquirência e crédito, o Itaú BBA estima que o Mercado Pagou registrou um lucro líquido de cerca de R$ 2,15 bilhões no Brasil em 2023. No mesmo período, Stone e PagBank reportaram, respectivamente, R$ 1,47 bilhão e R$ 1,59 bilhão na última linha do balanço.

A comparação fica ainda mais favorável quando o intervalo de referência é o primeiro semestre de 2024. Aqui, a operação brasileira do braço de produtos e serviços financeiros do Mercado Livre supera os valores somados da concorrência.

No período, o Mercado Pago apurou um lucro líquido de R$ 1,8 bilhão. Enquanto a Stone reportou um lucro líquido de R$ 881 milhões e a PagBank um montante de R$ 852 milhões. E outros dados reforçam o avanço da divisão do Mercado Livre.

Em relação ao retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), o Mercado Pago registrou um índice de 40% nos primeiros seis meses desse ano. Enquanto seus “rivais” reportaram o mesmo patamar no período, de 12%.

“Essa evolução consolidada do resultado final ressalta a eficiência operacional e a robustez financeira do Mercado Pago no mercado brasileiro. Mais importante, seu ROE positivo permite amplos investimentos e crescimento ‘autofinanciado’”, ressalta outro trecho do relatório.

O time de analistas do Itaú BBA acrescenta mais alguns pontos para realçar esse posicionamento da operação no Brasil. Entre eles, o crescimento mais rápido do que a concorrência, mesmo praticando taxas de aceitação acima do setor e duas vezes maiores do que os dois rivais.

No braço de adquirência, o Mercado Pagou registrou R$ 14 bilhões em receita líquida em 2023, contra R$ 17 bilhões da Stone e R$ 15 bilhões da PagBank. Nessa linha, o banco ressaltou a expansão em termos de participação de mercado, saltando de 1,5%, em 2018, para os atuais 7,3%.

“Os volumes de adquirência têm crescido mais rápido fora da plataforma por meio de clientes de tíquetes mais altos e as vendas de máquinas de pagamentos já são um dos principais produtos em vendas no e-commerce do Meli”, afirmam os analistas.

Eles também frisam que os volumes de crédito do Mercado Pago estão acelerando após um ciclo mais difícil de inadimplência, com a melhora na qualidade das safras e a divisão encerrando o primeiro semestre com uma carteira de crédito lucrativa de R$ 17 bilhões no País.

“As operações de crédito também são muito mais desenvolvidas, com uma carteira maior, lucros maiores e apetite por linhas sem garantia”, escrevem os analistas, observando que o ecossistema do Mercado Livre torna a divisão mais inteligente com dados, contexto e clientes menos sensíveis a preço.

“As operações de crédito e adquirência do Mercado Pago Brasil se beneficiam da proposta integrada do e-commerce, que é virtualmente impossível de replicar. A conclusão geral é negativa para a PagBank e a Stone”, ressalta outro trecho do relatório.