Já há alguns anos, a WEG vem se consolidando como um porto seguro para investidores ao apostar na diversificação da sua atuação. Seja do ponto de vista de unidades de negócio, em áreas como motores, equipamentos e tintas industriais, ou no que diz respeito às geografias onde está presente.

Esse modelo foi crucial para que a multinacional brasileira atravessasse, por exemplo, o período conturbado da Covid-19 e do pós-pandemia, com reflexos nos preços das matérias-primas e da cadeia de abastecimento.

Agora, mesmo com a manutenção de um olhar atento para essas variáveis, a companhia está iniciando 2023 com boas perspectivas. E parte dessa visão otimista se reflete no investimento projetado pela empresa para o ano, dando sequência ao fortalecimento desse ecossistema.

“Nós aprovamos um orçamento de capital de cerca de R$ 1,6 bilhão para 2023”, afirmou André Rodrigues, diretor-superintendente administrativo financeiro da WEG, em conferência com analistas nesta quinta-feira, 16 de fevereiro. “É um valor maior do que o que realizamos nos últimos anos.”

Em 2022, a companhia executou um plano de investimentos da ordem de R$ 1,2 bilhão. Nesse ano, há outra diferença em relação a exercícios anteriores, quando mais da metade dos recursos era reservada às operações no exterior. “Em 2023, 55% do orçamento está orientado para o Brasil”, disse o executivo.

No Brasil, entre projetos que já estavam em curso e outros que serão iniciados, um dos destinos será o aumento da capacidade produtiva da nova fábrica instalada em Jaraguá do Sul (SC), com uma linha dedicada a motores para mobilidade elétrica.

A ampliação da capacidade também será a tônica de dois aportes em Minas Gerais, na produção de transformadores. O primeiro, na unidade de Betim (MG) e, o segundo, em Itajubá, na fábrica fruto da aquisição da Balteau, concretizada em 2021.

Fora do País, os projetos envolvem o aumento da capacidade da nova fábrica de tanques para transformadores no México, em especial, para atender à demanda de fornecimento no mercado americano.

Após inaugurar uma terceira unidade de transformadores nos Estados Unidos, a WEG também prevê encerrar em 2023 o processo de expansão de uma de suas fábricas no País. Em Portugal, por sua vez, o plano passa pela expansão da planta de motores industriais.

Já na região Ásia Pacífico, um dos focos é ampliar a fábrica de motores de baixa tensão inaugurada na Índia em 2022. Agora, o projeto engloba o investimento em linhas para motores de média e alta tensão, além da produção de aerogeradores, com o plano de iniciar a venda desse portfólio ainda nesse ano.

Completando esse mapa, na China, parte do orçamento será aplicado no aumento da capacidade produtiva de motores industriais e no crescimento do negócio de automação, com o lançamento de mais produtos nesse portfólio.

“Basicamente, todos esses investimentos serão para suportar os níveis de crescimento atuais da companhia”, observou Rodrigues. Nessa direção, o executivo também trouxe uma perspectiva do que está contratado na operação, a partir da carteira de pedidos de ciclo longo da companhia.

No segmento de equipamentos eletrônicos industriais, ele destacou a “carteira saudável” e a manutenção do ritmo de entrada de pedidos dos últimos trimestre, especialmente sob o impulso de segmentos como óleo e gás, mineração e papel e celulose.

Já em geração, transmissão e distribuição de energia, Rodrigues ressaltou a expectativa positiva, em particular, gerada pelo calendário de leilões no mercado brasileiro em 2023, com certames previstos para julho, outubro e dezembro.

“No ano passado, tivemos dois leilões que totalizaram cerca de R$ 19 bilhões, o que foi muito positivo”, disse. “A expectativa para esse ano, segundo informações do mercado, é mais do que dobrar esse valor, para algo em torno de R$ 50 bilhões.”

Ainda nessa divisão, Rodrigues citou que a WEG já tem uma carteira com uma programação de pedidos até meados de 2024 no segmento de energia solar, além de um backlog consistente para geradores elétricos, mais focados em fontes hídricas e térmicas.

“No mercado externo, segue uma forte demanda em transmissão e distribuição, sobretudo nos Estados Unidos e no México”, afirmou. “Na Índia, a perspectiva é positiva para hidrogeradores e, na Colômbia e na África do sul, também temos um bom cenário em transmissão e distribuição.”

Resultado

Entre outubro e setembro, a WEG apurou um lucro líquido de R$ 1,1 bilhão, alta de 36,5% sobre igual período, um ano antes. No ano consolidado de 2022, o resultado na última linha do balanço foi de R$ 4,2 bilhões, um salto de 17,3%.

No quarto trimestre, a receita operacional líquida cresceu 22%, para R$ 7,9 bilhões. Em 2022, a receita operacional líquida ficou em R$ 29,9 bilhões, o que representou uma queda de 1,1% na comparação com o mesmo indicador, em 2021.

Levando-se em conta os números apurados em todo o ano, no Brasil, a receita operacional líquida cresceu 38,4%, para R$ 14,8 bilhões. Já no exterior, o salto nessa linha no período foi de 17,3%, para R$ 15 bilhões.

Já o Ebtida foi de R$ 1,55 bilhão no último trimestre de 2022, um avanço de 38,6%, enquanto, no ano, cresceu 20,1%, para R$ 5,6 bilhões. A margem Ebtida entre outubro e dezembro ficou em 19,5%, um avanço de 2,3 pontos percentuais. No ano, houve um recuo de 1,1 ponto percentual, para 18,8%.

Por volta das 12h50, as ações da WEG operavam com baixa de 2,08% na B3, cotadas a R$ 38,07. No ano, os papéis acumulam uma desvalorização de 1,1%. A companhia está avaliada em R$ 159,7 bilhões.