A operação de comércio eletrônico de vinhos Wine está comprando a Cantu Importadora, em um negócio de R$ 180 milhões, segundo fato relevante publicado em seu site de relações com investidores.
Com mais de 15 anos de operação, a Cantu conta com uma presença regional forte, com mais de 15 mil pontos de venda e 11 mil clientes que “agregarão potência e capilaridade ao negócio B2B da Wine”, de acordo com o fato relevante – a crítica de vinhos Suzana Barelli foi a primeira a divulgar a transação em seu Instagram.
Atualmente, a Cantu opera com marcas exclusivas, como Suzana Balbo, Sutter Home, Ventisquero, Quinta de Bons Ventos, Ramon Bilbao, Yellow Tail e Chilano.
Segundo o comunicado, a Cantu se manterá como uma operação independente, com a participação de Peterson Cantu, que é o presidente da importadora que tem filiais em Pernambuco, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além de um armazém principal localizado em Santa Catarina.
A Wine, que tem entre seus sócios a Península, de Abilio Diniz, e a EB Capital, está comprando 100% da Cantu. A primeira parcela de R$ 54 milhões será paga na data do fechamento do negócio. E os R$ 126 milhões restantes serão pagos em duas parcelas iguais, sendo a primeira delas em março de 2024 e a segunda em julho de 2024, sujeitos a determinados ajustes em operações dessa natureza.
A Wine tinha planos de abrir o capital, mas desistiu da oferta optando por pedir registro de companhia aberta. A empresa se prepara para fazer em breve uma oferta restrita de acordo com a instrução 476. A meta, segundo apurou o NeoFeed, é captar por volta de R$ 700 milhões.
A oferta 476 não envolve a análise pela CVM e a divulgação de prospecto. Em contrapartida, é restrita aos investidores profissionais e a um número de 75 participantes, dos quais, apenas 50 podem concluir o investimento.
A operação online de vinhos também tinha intenção de fazer uma emissão de debêntures de R$ 120 milhões, cujos recursos seriam usados em aquisições, segundo entrevista de Marcelo D’Arienzo, CEO da Wine, publicada pelo NeoFeed, em março deste ano.
“Estamos olhando desde ativos no mercado offline, com capilaridade para nos aproximar do consumidor, até negócios que acelerem a nossa plataforma de tecnologia”, disse D’Arienzo, na ocasião. “O mercado de vinhos vai passar por uma consolidação e somos um player óbvio para liderar esse processo.”
Em 2020, o faturamento da Wine cresceu quase 40%, para R$ 450 milhões. No ano passado, o mercado brasileiro de vinhos registrou um crescimento de 31% em volume, com a venda de 501,1 milhões de litros, segundo a consultoria Ideal.
O clube de assinatura de vinhos da Wine representou mais de 40% da receita e fechou 2020 com 240 mil assinantes. Entre outros benefícios, todos os planos disponíveis dão direito a um pacote mensal com vinhos indicados e descontos de 15%.
O restante da receita da Wine está dividida entre vendas avulsas no e-commerce, lojas físicas, segmento B2B e aquelas realizadas pelo aplicativo da empresa, que somava mais de 1 milhão de donwloads e respondia por mais de 60% das vendas digitais.