Encontrar e contratar profissionais qualificados em segurança cibernética é, sem dúvida, um desafio para as empresas. Afinal, estamos diante de um cenário complexo, marcado pela alta concorrência entre as companhias e por um grande déficit de especialistas à disposição.

Sendo assim, está na hora de as organizações buscarem novas estratégias para atrair talentos e, ao mesmo tempo, manter seus funcionários da área de cibersegurança. Somente assim é que será possível vencer esse cenário e fortalecer as equipes.

A boa notícia, porém, é que a solução para resolver esse impasse já existe e passa por renovar as ações de treinamento. O gap de especialistas pode ser reduzido, por exemplo, com a certificação e aprimoramento dos profissionais que já atuam em outras áreas de TI. Esses trabalhadores são boas opções para serem treinados, uma vez que eles já conhecem o segmento de tecnologia e demandariam menos tempo a serem preparados.

Essa ação seria bastante útil às companhias, principalmente ao levarmos em conta que, atualmente, temos um déficit de 2,93 milhões de especialistas ao redor do mundo e que, segundo dados do (ISC)² Hiring and Retaining Top Cybersecurity Report, 85% dos empregados na área de segurança cibernética dizem estar abertos a novas oportunidades de trabalho.

Nesse contexto, ao incluírem esses profissionais em seus programas de certificação e treinamentos seria possível encontrar talentos promissores de uma forma prática e mais rápida. Além disso, é essencial que as companhias também busquem um profundo entendimento sobre o que é importante para esses especialistas.

Essa análise ajudará que os times de seleção consigam melhores caminhos para conquistar os profissionais mais experientes do setor, já que está cada vez mais claro, por exemplo, que esses trabalhadores não são motivados somente pelo salário. Hoje, compreender a mentalidade dos trabalhadores de segurança cibernética é fundamental para o sucesso de qualquer esforço de recrutamento ou de retenção de talentos.

Atualmente, temos um déficit de 2,93 milhões de especialistas ao redor do mundo

Com quase 70% das empresas ao redor do mundo pretendendo contratar profissionais dedicados à proteção de dados no próximo ano, garantir que o pensamento da organização e dos candidatos esteja alinhado ajudará a manter a imagem da empresa como um espaço atraente para os melhores profissionais.

Nesse cenário, é importante que as empresas estejam abertas a apoiarem os esforços dos especialistas que trabalham (ou trabalharão) em suas equipes e que abram espaço para certificações e treinamentos que valorizem as habilidades e demandas dos profissionais.

De acordo com o levantamento apresentado acima, 68% dos trabalhadores da área de cibersegurança desejam que o C-level de suas empresas levem suas opiniões e recomendações a sério. Além disso, 59% dos entrevistados pela pesquisa consideram que as certificações, treinamentos e os investimentos em tecnologias de segurança são fundamentais.

68% dos trabalhadores da área de cibersegurança desejam que o C-level de suas empresas levem suas opiniões e recomendações a sério

Para buscar candidatos de alto potencial ou manter a motivação dos especialistas já contratados, é bastante recomendável que as companhias invistam na criação de uma cultura aberta e voltada à qualificação constante.

Outro ponto importante é que as organizações devem também se preocupar em melhorar a performance de suas próprias iniciativas de segurança. Mais da metade dos candidatos a empregos de segurança cibernética (54%) estão dispostos a trabalhar onde uma violação já ocorreu, desde que essa empresa esteja procurando formas de otimizar suas estruturas de proteção e que destaquem seu compromisso em evoluir suas estratégias de atuação.

Com uma cultura voltada à cibersegurança, as companhias serão mais atraentes para os trabalhadores e, evidentemente, mais eficientes em suas rotinas. É com o compromisso de pensar e qualificar as ações de proteção que as companhias poderão se destacar diante da concorrência, atraindo a atenção de profissionais bem qualificados.

A dica mais importante, portanto, é estimular o contato próximo com os profissionais e desenvolver ações de segurança, que reforcem a estratégia da empresa em longo prazo. Esses, sem dúvida, são dois passos primordiais para as companhias que buscam fortalecer seus times de cibersegurança, seja para manter a equipe ou ampliar as chances de contratar um bom candidato.

Mais da metade dos candidatos a empregos de segurança cibernética (54%) estão dispostos a trabalhar onde uma violação já ocorreu

O fato é que as companhias precisam aprender a identificar, preparar e capacitar seus colaboradores e novos profissionais - mesmo que eles ainda não estejam olhando com atenção a esse mercado. As oportunidades não se restringem a especialistas mais experientes e é recomendável abrir a visão em busca de possibilidades que já estão à disposição.

Os meios para fazer esse trabalho de aprimoramento e certificação já existem, inclusive aqui no Brasil. Cabe às empresas, portanto, mostrarem que estão dispostas a aplicarem uma cultura dedicada à melhoria contínua, inclusive ouvindo mais as ideias de seus profissionais. É com essa postura que a probabilidade de atrair e manter um profissional especializado em segurança cibernética será muito maior.

Gina van Dijk é diretora regional do Cybersecurity and IT Security Certifications and Training (ISC)² na América Latina desde 2014, liderando o desenvolvimento e a implementação de estratégias, operações e iniciativas da organização em toda a região. Holandesa/nigeriana com coração brasileiro, Gina possui 25 anos de experiência na área de gestão de associações e eventos e começou sua trajetória profissional na MCI Bruxelas, Bélgica, em 1994.