De olho na atração de recursos privados aos seus Estados (e de se posicionarem para a corrida presencial em 2026), os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Paraná aproveitaram a presença de investidores institucionais na 24ª Conferência Anual Santander para realizarem “pitchs” dos projetos de concessão e privatização que vem tocando.

Em seu segundo mandato, o governador do Paraná, Ratinho Jr., indicou que pretende tocar a agenda de desestatização, depois dos avanços que conquistou nos últimos quatro anos, em especial, com a Copel.

Após concluir a redução da participação do Estado no capital da companhia de energia no começo de agosto, em uma oferta de ações que movimentou cerca de R$ 5,2 bilhões, o foco agora é na companhia de saneamento Sanepar.

A ideia, no entanto, não é seguir pelo caminho da Copel, mas sim apostar em Parcerias Publico Privada (PPP) para a prestação de serviços. O governador disse que a escolha por esse caminho está relacionada às diferentes visões para a companhia.

“Na nossa visão, a Copel pode vir a ganhar mercado nacional, sendo que ela já tem investimento em outros Estados”, disse Ratinho Jr. “Para a Sanepar, a estratégia é fortalecer a presença dela no Estado, para conseguirmos, em 2027, a universalização do saneamento básico no Paraná.”

O governador paranaense trouxe ainda aos investidores o plano de transformar o Estado num hub logístico, para aproveitar seu posicionamento geográfico, próximo a São Paulo e do Centro-Oeste e o fato de fazer fronteira com a Argentina e ter o Porto de Paranaguá.

Para isso, Ratinho Jr. destacou o plano de fazer concessão da malha rodoviária. Nesta sexta-feira, 25 de agosto, o Paraná vai realizar um leilão de 473 quilômetros de rodovias entre Curitiba, Região Metropolitana, Centro-Sul e Campos Gerais, com a empresa ou consórcio vencedor devendo investir pelo menos R$ 7,9 bilhões em obras de melhorias e manutenção. O Estado prevê ainda fazer outros seis leilões de concessões de rodovias.

O governador Romeu Zema, de Minas Gerais, em seu "pitch" vendeu o seu peixe aos investidores. Destacando que em seu primeiro mandato teve que “apagar incêndios”, ele disse que foi tocando aquilo que não precisava de autorização legislativa, como concessão de rodovias.

Segundo Zema, apesar das amarras, as concessões e PPPs realizadas nos últimos quatro anos somam mais de R$ 20 bilhões em investimentos contratados. “Isso é muito mais do que foi feito nos últimos 20 anos no Estado”, afirmou.

Além de continuar com concessões na parte de infraestrutura, Zema quer seguir em frente com o plano de privatizar a Cemig e de desestatizar a Copasa. “O modelo que pensamos para a Cemig é semelhante ao da Copel, de corporation, por entendermos que ele é politicamente mais digerível”, afirmou o governador.

Para lidar com a questão política, o governador de Minas Gerais enviou à Assembleia Legislativa, em 21 de agosto, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para seguir com as privatizações e evitar ter que convocar um referendo para discutir a venda de ativos, como rege as leis do Estado.

Já o governador de São Paulo e ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, destacou que o Estado vem planejando uma série de PPPs. A lista inclui projetos para concessão de parques e para que empresas possam assumir a administração e manutenção de escolas públicas, deixando ao Estado o papel de cuidar apenas dos projetos pedagógicos.

Outro projeto que o governador quer tirar do papel é o trem intercidades, ligando Campinas a São Paulo, em um projeto que prevê investimentos de R$ 12,8 bilhões. “É hora de começarmos a descomprimir as rodovias que ligam o interior a São Paulo”, disse Tarcísio.

Das privatizações que pretende realizar, a da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) deve ser concretizada entre o fim deste ano e começo do próximo. No caso da Sabesp, Tarcísio disse que o plano é realizar um follow on na primeira metade de 2024.

“Estamos tendo conversas individuais com as prefeituras, visto que cada uma terá seu anexo no contrato de prestação de serviços da Sabesp”, disse Tarcísio. “Vamos fazer todo o trabalho neste ano para fazer a operação no ano que vem.”