O Ibovespa tem operado próximo das máximas históricas, com alta acumulada de 20% em 2025. Esse movimento tem sido sustentado especialmente pela entrada líquida de estrangeiros, que já somam R$ 26,25 bilhões desde o início do ano — sendo um quinto desse valor apenas em setembro. A expectativa da Ibiuna Investimentos é que esses números acelerem até o fim do ano.

“É razoável imaginar que, fora algum evento exógeno e inesperado de risk-off, esse fluxo deve acelerar nos próximos meses”, afirma a gestora brasileira com R$ 13 bilhões sob gestão, em carta a investidores.

Segundo a gestora, esse movimento tem sido puxado especialmente pela retomada da queda de juros nos Estados Unidos, o que tem levado investidores estrangeiros a buscar mais risco em mercados emergentes, inclusive no Brasil.

“Os ventos favoráveis advindos dos EUA têm impulsionado os ativos locais e mantido a volatilidade relativamente reduzida”, diz outro trecho da carta.

A Ibiuna também acredita que, mais cedo ou mais tarde, o mercado local deve aumentar suas posições em bolsa. “O início do processo de afrouxamento das condições monetárias norte-americanas, em conjunto com o cada vez mais próximo primeiro corte da Selic no Brasil, começa a induzir os investidores a revisitar seus portfólios e alocações.

O consenso é de que a Selic volte a cair entre janeiro e março do ano que vem. No ano, os fundos de ações acumulam resgates de R$ 50,3 bilhões, segundo dados da Anbima, enquanto os fundos de renda fixa captaram R$ 150 bilhões.

Mas, segundo a Ibiuna, os investidores brasileiros estão “atrasados” nessa corrida, devido à incessante busca pelos títulos incentivados de renda fixa, que oferecem taxa de juros elevada e benefício tributário.

“No mercado de debêntures incentivadas, continuamos com a visão de que a demanda continuará forte pela isenção fiscal (que, depois de diversos ruídos ao longo do ano, deve permanecer) e pela taxa nominal elevada.”

Embora veja razões para a bolsa brasileira continuar subindo no curto prazo, a Ibiuna mantém apenas uma posição tática, concentrada em empresas domésticas com forte resiliência operacional e baixa alavancagem financeira.

A maior cautela em não montar uma posição mais estrutural em ações locais é explicada pelos “fundamentos frágeis”, segundo a gestora — pressionados pela desaceleração da atividade, inflação acima da meta, déficit em conta corrente crescente, pressão sazonal sobre o real neste semestre e deterioração fiscal com elevação significativa da dívida pública.

Um dos fatores que poderiam favorecer uma posição mais estrutural seria uma virada na política econômica em 2026. Mas a gestora acredita em uma eleição competitiva, “o que torna difícil um impacto decisivo sobre preços a mais de um ano do páreo”.

Sem uma grande visibilidade para o mercado brasileiro na bolsa, a Ibiuna também tem investido em posições long and short, buscando o “alfa puro” das operações.

Em moedas, mantém apostas contra o dólar frente ao euro e às moedas emergentes da América Latina. Em crédito, a gestora segue com baixa exposição aos papéis corporativos locais, devido aos spreads apertados.