A entrada do Irã na guerra Israel-Hamas era o maior temor dos analistas geopolíticos desde o início do conflito em 7 de outubro do ano passado. O lançamento de cerca de 300 drones e mísseis em direção ao território israelense, embora iminente e esperado, elevou o nível de turbulência no Oriente Médio.

Na segunda-feira, 15 de abril, os mercados financeiros globais mantiveram a calma e o petróleo tipo Brent fechou em estabilidade, negociado a US$ 90,37; assim como o tipo WTI, a US$ 85,41 para maio - no início do ano o barril estava em US$ 71. Mas o primeiro ataque direto ao Estado judeu a partir do território iraniano aumentou o prêmio de risco para o preço da commodity.

Em carta aos clientes, o banco de investimentos britânico Liberum Capital projeta o petróleo acima de US$ 100 e uma correção rápida de 10% no mercado de ações.

“Como o aumento da incerteza provavelmente persistirá, acreditamos que a recuperação do mercado de ações sofrerá uma pausa temporária, enquanto os preços do petróleo poderão ultrapassar US$ 100 o barril”, projeta a Liberum.

No sábado, antes do ataque, o Irã apreendeu um navio no Estreito de Ormuz que o governo de Teerã disse estar ligado a Israel. A passagem marítima é descrita como o “ponto de estrangulamento do petróleo mais importante do mundo”, com fluxos totalizando cerca de 21% do consumo global do óleo negro em 2022, de acordo com a U.S. Energy Information Administration (Escritório de Informação de Energia dos EUA, em tradução livre).

“O fato de termos passado de um confronto por procuração para um confronto direto provavelmente aumentará o risco a longo prazo, mesmo que isso diminua no curto prazo”, disse Adarsh ​​Sinha, codiretor de estratégia cambial e de juros da Ásia no Bank of America à CNBC.

O aumento da tensão no Oriente Médio, com a expectativa de retaliação de Israel, traz mais uma incerteza para uma bolsa de valores nos Estados Unidos em retração, com a alta dos Treasuries com o Federal Reserve (Fed) postergando o primeiro corte na taxa de juros. O título de 10 anos atingiu 4,6%, seu nível mais alto desde novembro do ano passado.

O S&P 500, que fechou a semana passada em queda de cerca de 1,5%, o seu pior desempenho semanal desde outubro de 2023, encerrou esta segunda-feira, 15 de abril, em queda de mais de 1,2%. O principal índice da bolsa americana está se distanciando do topo de valorização em 12 meses.

“No nosso cenário base de retaliação de Israel, mas de uma forma limitada que evite que o conflito se agrave ainda mais, isso poderia levar a uma correção de 5-10% no mercado de ações, juntamente com uma maior força no dólar americano”, escreveu o banco de investimentos.

Para a Liberum, a bolsa de valores pode reverter rapidamente as perdas se as tensões entre Irã e Israel diminuírem. Na segunda, 15, os principais líderes globais, incluindo os de EUA e Europa, procuravam acalmar os israelenses, pedindo moderação na resposta aos ataques.

“Quando ficar claro que o conflito não se agravará numa guerra total entre o Irã e Israel com o envolvimento dos EUA, os mercados bolsistas deverão recuperar e os preços do petróleo deverão recuar”, afirmou o banco de investimentos.