O ataque do Irã contra Israel era iminente – e esperado. Três dias antes de lançar cerca de 300 drones e mísseis em direção ao território israelense, Teerã avisou os países aliados sobre a investida.
Em reportagem exclusiva, no final da semana passada, o jornal americano The Wall Street Journal noticiou: os Estados Unidos haviam posicionado navios de guerra para proteger Israel e as forças americanas na região, contra a ofensiva do Irã, prevista entre sábado e domingo — como, de fato, ocorreu.
Como sempre acontece, quando as tensões no Oriente Médio escalam, o petróleo reagiu ao risco da represália iraniana já na sexta-feira.
Em 12 de abril, o tipo Brent, usado como referência global para o preço da commodity, subiu 1%, chegando a US$ 92,18.
O petróleo West Texas Intermediate, parâmetro para o mercado americano, por sua vez, registrou alta de 0,9% e foi a US$ 85,78, na Bolsa Mercantil de Nova York.
Em ambos os casos, são os maiores valores desde outubro de 2023.
Até o início da noite de domingo, ainda não se sabia como Tel Aviv reagiria à ação retaliatória iraniana ¬— na madrugada de sábado, no horário de Brasília, Teerã deu a ofensiva por encerrada.
Caso a violência escale, na avaliação de alguns analistas do mercado, o barril do petróleo pode ultrapassar a barreira dos US$ 100.
O Irã é o terceiro maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+), com 4,3 milhões de barris extraídos, por dia.
Por isso, o possível acirramento do conflito impacta diretamente o mercado mundial.
Mas há outro agravante.
Os estoques globais de petróleo estão baixos. Em parte, por causa das sanções impostas à Rússia, em meados de 2022, pela invasão na Ucrânia.
Além disso, em janeiro, a Opep+ prorrogou a redução na produção da commodity até a virada de junho para julho. Os cortes equivalem a cerca de 2 milhões de barris diários.
A medida foi adotada para corrigir a defasagem provocada pela queda no consumo mundial e pelo aumento na quantidade do petróleo produzido pelos concorrentes da organização.
O excesso na oferta levou o preço do barril a cerca de US$ 80, no início do ano.
Em geral, uma mudança de 1 milhão de barris na equação oferta-demanda “causa um movimento de US$ 5 nos preços para equilibrar o mercado”, disse Jay Hatfield, CEO da gestora Infrastructure Capital Advisors, à plataforma MarketWatch.
“Consequentemente, se toda a produção iraniana fosse interrompida, poderia haver um aumento de US$ 15 dólares, por barril.”