Com a disputa entre Estados Unidos e China para ver quem será a potência dominante deteriorando os laços diplomáticos entre os dois países, o presidente Joe Biden deu uma estocada numa área atualmente sensível ao gigante asiático: a economia.

Durante evento de arrecadação de fundos no estado de Utah, na quinta-feira, 10 de agosto, o presidente americano disse que a economia da China é uma “bomba relógio”, segundo a agência de notícias Reuters.

“Eles têm problemas e isso não é bom, porque quando pessoas ruins têm problemas, eles fazem coisas ruins”, afirmou Biden. “A China é uma bomba relógio, a China está com problemas.”

Desde que relaxou as medidas que adotou para combater a proliferação da Covid-19 no país no início do ano, a China vem apresentando dados econômicos fracos. Em julho, ela registrou a maior queda de suas exportações e importações desde o início da pandemia, em fevereiro de 2020.

No mesmo mês, ela registrou deflação pela primeira vez em dois anos. Além disso, a segunda maior economia do mundo ainda tem lidado com elevados índices de endividamento e problemas em seu mercado imobiliário, um dos principais motores da economia.

A postura crítica de Biden em relação à China não é recente e vem na esteira da disputa geopolítica que se acirrou nos últimos anos. Em junho, durante outro evento de arrecadação de fundos, Biden se referiu ao presidente chinês, Xi Jinping, como um “ditador”.

Essa declaração aconteceu pouco depois de o secretário de Estado americano, Antony Blinken, retornar de uma visita oficial à China para tentar amenizar as relações, que Pequim afirmou estarem no pior momento desde 1979, quando ambos estabeleceram ligações diplomáticas.

A tensão entre Washington e Pequim vem esquentando nos últimos anos diante da ascensão chinesa e os indícios de que a China quer ir além de ser uma potência econômica. A situação ficou clara no mandato do ex-presidente Donald Trump, que iniciou uma guerra comercial com os chineses, além de ter acusado o país de ser responsável pela pandemia.

Políticos americanos passaram a apoiar com mais ênfase Taiwan, ilha que a China vê como uma província rebelde e já disse ter a intenção de anexá-la de volta, depois de ela ter anunciado a sua separação em 1949, quando o Partido Comunista assumiu o controle do país. Em junho, Biden aprovou duas potenciais vendas de armas para Taiwan, no valor de US$ 440 milhões.

No campo econômico, os Estados Unidos vêm tomando medidas para restringir o acesso de companhias chinesas a microprocessadores avançados. Depois de impor restrições à exportação de semicondutores e equipamentos para a fabricação de chips em outubro, Biden assinou na quarta-feira, dia 10 de agosto, uma ordem banindo certos investimentos americanos na área de tecnologia chinesa.

A ordem executiva autoriza o Tesouro americano a proibir ou restringir investimentos em entidades chinesas ligadas a três áreas: semicondutores e microeletrônicos, computação quântica e certos sistemas de inteligência artificial.