Depois de Bill Ackman e Jamie Dimon, agora chegou a vez do famoso investidor americano Bill Gross também criticar a política do Federal Reserve (Fed) de seguir elevando a taxa de juros nos Estados Unidos. De acordo com Gross, isso poderá gerar “um caos nos mercados financeiros”.

Conhecido como “rei dos títulos”, Gross passou mais de quatro décadas trabalhando na Pacific Investment Management Co. (Pimco), gestora que fundou em 1971 e que é uma das maiores do mercado em títulos de renda fixa. Até setembro, a gestora tinha quase US$ 1,7 trilhão em ativos sob gestão. Gross saiu da operação em 2015.

Atualmente aposentado, o investidor afirmou em entrevista à CNBC que espera um cenário econômico conturbado para os próximos anos. “A economia foi impulsionada por enormes quantias de trilhões de dólares em gastos fiscais. Mas, quando isso acabar, acho que teremos uma recessão moderada”, disse Gross. “Se as taxas de juros continuarem subindo, teremos mais do que isso.”

De acordo com Gross, o que poderia impactar ainda mais o mercado de capitais seria um aperto na política monetária com a elevação da taxa de juros.

Na última semana, o Fomc, o comitê do Fed responsável por decidir a taxa de juros nos EUA, elevou a alíquota em 0,50 ponto percentual para o intervalo entre 4,25% e 4,5%. É o maior nível registrado desde 2007. Apesar disso, houve uma redução no ritmo de alta, já que o banco central americano havia elevado a taxa em 0,75 ponto percentual quatro vezes seguidas.

Um segmento que preocupa neste sentido é o mercado imobiliário. Gross explica que o aumento nas taxas de juros pode gerar potenciais inadimplências para o setor no futuro. “Acho que, daqui para frente, se o Fed continuar a aumentar as taxas, a capacidade de equiparar parte de sua habitação, que está caindo de preço, será severamente limitada”, disse Gross. “Isso deve como um alerta para o mercado imobiliário."

No entanto, a expectativa é de que o impacto não seja tão forte como durante a crise de 2008 e que também teve o setor imobiliário como peça-chave. “Não acho que estamos indo para este patamar”, afirmou.

Gross não foi o único a criticar as estratégias do Fed durante os últimos meses. Em outubro, Jamie Dimon, CEO do banco americano j.p. morgan, afirmou que o Fed demorou para agir em relação aos efeitos da Guerra na Ucrânia e espera que os EUA devam entrar em recessão em algum momento de 2023.

Na semana passada foi a vez de Bill Ackman, CEO da Pershing Square Management, fazer suas previsões para a economia. De acordo com o investidor, é impossível trazer a inflação de volta à meta de 2% sem uma recessão profunda. E, mesmo que isso aconteça, não será possível sustentar este cenário no longo prazo.