A Pershing Square, gestora do famoso investidor Bill Ackman, já tinha dado sinais de que estava em busca da abertura de capital para um novo fundo. Mas agora é para valer. A companhia, com mais de US$ 18 bilhões sob gestão, iniciou um roadshow com investidores para apresentar o seu plano de IPO do fundo fechado Pershing Square USA.
A oferta pode fazer com que a gestora levante US$ 25 bilhões com investidores institucionais ao redor do globo, segundo informações da Bloomberg. Trata-se do maior IPO desde que a Saudi Aramco, a petrolífera da Arábia Saudita, levantou US$ 29,4 bilhões em janeiro de 2020.
Além dos números superlativos, o que chama a atenção também é o grupo de bancos escolhidos para o deal, um dos maiores do mundo da indústria de fundos. Além dos coordenadores globais Citigroup, UBS, Bank of America e Jefferies, que lideram a oferta, destaca-se um brasileiro.
O BTG Pactual está atuando como um dos bookrunners no IPO da Pershing ao lado de Wells Fargo, RBC, Barclays e Deutsche Bank. “Dos 30 bancos que estão no deal, o BTG é um dos principais, está no topo”, diz ao NeoFeed uma fonte a par das negociações que foram iniciadas ontem, terça-feira, 9 de julho. Isso revela o espaço que o BTG tem aberto no cenário global.
O fundo da Pershing será listado na Bolsa de Nova York (Nyse) e deverá negociar sob o ticker PSUS. O preço da ação foi fixado em US$ 50. O NeoFeed apurou que a ideia do fundo é investir em cerca de 15 grandes empresas com cheques bilionários e que a própria Pershing Square Capital Management está ancorando o fundo com um investimento de US$ 500 milhões.
O dinheiro que a Pershing está aportando neste fundo fechado vem de uma capitalização feita pela gestora em junho deste ano. Na ocasião, a Pershing Square Capital Management vendeu 10% da companhia por US$ 1,05 bilhão.
Os sócios que entraram na base acionária da gestora foram o BTG Pactual, a Consulta Limited, a Iconiq Capital, a Menora Mivtachim Holdings, family offices e outros investidores.
Para o fundo Pershing Square USA, o BTG vai buscar investidores institucionais, sobretudo na América Latina. E essa não é a primeira vez que isso acontece. Em 2014, o banco brasileiro ajudou a Pershing a captar para o seu fundo fechado listado na Europa, o Pershing Holdings. Na época, o fundo captou um total de € 3 bilhões e o BTG contribuiu com 10% do total.
Hoje, o Pershing Holdings vale € 9,93 bilhões na Euronext e tem sido negociado com 30% de desconto. Para convencer os investidores a embarcar no novo fundo nos Estados Unidos, os executivos da Pershing têm dito para que a companhia não seja vista como um hedge fund e sim como uma asset que olha para o longo prazo.
Players como Brookfield Asset Management e Blue Owl Capital são os pares com os quais a Pershing se vê competindo. Essas duas casas, entretanto, estão a milhas de distância da gestora de Bill Ackman quando se analisa o AuM (ativos sob gestão, na sigla em inglês).
A Brookfield tem US$ 925 bilhões sob gestão e é avaliada em US$ 14,8 bilhões. Já a Blue Owl Capital tem US$ 166 bilhões em ativos sob gestão e é avaliada em US$ 24,6 bilhões.
Em fevereiro deste ano, Bill Ackman participou do CEO Conference, do BTG Pactual, e fez uma análise da trajetória da Pershing. Mais do que isso: citou Warren Buffett como exemplo de transição, na década de 1960, de um fundo de hedge para uma empresa de investimentos como é a Berkshire Hathaway atualmente – algo que o próprio Ackman, um respeitado investidor ativista, vem fazendo.
Na ocasião, ele explicou o que tem guiado a empresa. “Os fundos sempre acham que precisam fazer a mesma coisa sempre, só fazemos quando há possibilidade concreta de um retorno de 10 para 1, pelo menos”, disse. Resta saber se os investidores vão acompanhar essa tese.