Maior petroleira do mundo, avaliada em US$ 1,7 trilhão, a Saudi Aramco considera apresentar uma oferta pelos ativos de lubrificantes da britânica BP, que operam sob a marca Castrol, segundo apuração das agências de notícias Bloomberg e Reuters.
As reportagens apontam que os sauditas estão nos estágios iniciais da análise e que estudam se fazem uma oferta pela totalidade ou parte do negócio, depois de a BP informar, no fim de fevereiro, que avalia alternativas para a Castrol, como parte de um processo de revisão estratégica.
Estimativas de analistas e das companhias apontam que a Castrol pode ser avaliada entre US$ 6 bilhões e US$ 10 bilhões.
Para a Aramco, as operações da Castrol viriam a calhar diante da intenção de ter uma presença maior na Ásia. No ano passado, executivos da companhia informaram que estão buscando aquisições de ativos nos setores químico e de refino na região, apontando China, Índia e Sudeste Asiático como os principais mercados em termos de crescimento. A Índia é um dos principais mercados da Castrol.
Ser dono de negócios como postos de combustíveis e fabricantes de lubrificantes dá a produtores de petróleo mais influência ao longo da cadeia de valor e aprofunda a presença das companhias em mercados em que vendem apenas óleo bruto.
A Aramco está investindo forte nessa estratégia. Na parte de lubrificantes, a companhia saudita concluiu, em 2023, a aquisição da americana Valvoline, numa operação que totalizou US$ 2,6 bilhões – no Brasil, a marca é representada desde 2017 pela Usiquímica.
A estatal saudita também adquiriu ativos na parte de refino e produtos químicos na China e adquiriu uma participação 25% na Unioil Petroleum Philippines no mês passado, por um valor não revelado, para ter acesso ao mercado de varejo das Filipinas.
A Bloomberg apurou ainda que a Aramco é um dos interessados na rede de postos de combustíveis da Shell na África do Sul.
Para a BP, a venda da Castrol representaria um passo importante no plano de transformação. Em fevereiro, a empresa divulgou que promoverá um reset na estratégia, focada nos últimos anos em transição energética. Agora, a empresa britânica quer dar mais ênfase às atividades de exploração, produção e refino de petróleo, reduzindo os investimentos em energia limpa.
A companhia também está revisando gastos e a estratégia de alocação de capital para elevar o fluxo de caixa e os retornos aos acionistas, com a revisão do portfólio de ativos sendo uma alternativa. A BP tem como meta atingir US$ 20 bilhões em desinvestimentos até 2027.
A BP foi pressionada a rever sua estratégia depois de as ações apresentarem desempenho inferior aos da concorrência na bolsa de valores – em 12 meses, os papéis da britânica acumulam queda de 13,3%, enquanto os ativos da Shell sobem 3,3%.
Outro ponto de pressão foi a notícia de que a gestora ativista Elliott Investment Management montou uma posição de 5% na companhia, que defende a venda de ativos, caso da Castrol, para destravar valor, segundo apurou a Reuters.