O BTG Pactual anunciou nesta quinta-feira, 27 de junho, a compra do M.Y. Safra Bank, instituição americana privada com patrimônio líquido de US$ 46,2 milhões, no mais importante passo do banco de André Esteves para crescer suas operações nos EUA.

A transação, cujos valores não foram divulgados, está sujeita as aprovações regulatórias. O M.Y. Safra Bank, que tem sede em Nova York, atua com  produtos e soluções de investimentos, corporativo e private banking e atende clientes alta renda, empresas e escritórios familiares.

O banco também conta também com linhas de crédito, oferecendo empréstimos nos mercados imobiliários comercial e residencial. No fim de março de 2024, o M.Y. Safra tinha uma carteira de empréstimos de US$ 275 milhões e ativos totais de US$ 404 milhões.

O M.Y Safra Bank foi fundado por um sobrinho do fundador do Banco Safra, José Safra, mas não tem nenhuma relação com o Grupo J. Safra, nem no Brasil e nem no exterior.

Segundo fontes a par do assunto, o M.Y é bastante desenvolvido em crédito, dando ao BTG um funding segurado pela Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), barateando o custo de captação. Com isso, o banco poderá oferecer a seus clientes, pessoa física ou jurídica, empréstimos competitivos crescendo, inclusive no passivo de residentes americanos.

“A aquisição do M.Y Safra Bank é mais um passo na expansão da nossa oferta de produtos e serviços aos nossos clientes latino-americanos”, disse Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, em um comunicado.

Por outro lado, o banco é pouco desenvolvido na parte de investimentos, a expertise do BTG com sua corretora. A ideia é juntar as duas operações para ganhar sinergias. Cerca de 30 funcionários do banco americano se juntam a operação de 250 pessoas do BTG nos EUA.

Nos últimos 12 meses, a área de wealth management do BTG Pactual (que conta com o private banking proprietário e também os canais digitais e o B2B e B2C) cresceu 33%, chegando a R$ 766 bilhões sob gestão, segundo dados do último resultado trimestral. O crescimento teve o impulso da operação offshore, que cresceu 23% no mesmo período e atingiu US$ 20 bilhões.

A conquista de uma estrutura mais robusta nos Estados Unidos, principal hub da operação offshore do banco, e onde está a maior parte do seu total sob gestão, deve dar um gás a mais para esse crescimento. Até então, o BTG vinha operando por lá apenas como corretora, o que impossibilitava oferecer um serviço mais completo, como crédito.

O objetivo do BTG é dobrar o total sob gestão offshore em cinco anos, trazendo uma diversificação de receitas em moeda forte, fontes a par da estratégia disseram ao NeoFeed.

Como disse Rogério Pessoa, global head do wealth management do BTG Pactual, em entrevista ao NeoFeed no início do junho deste ano: “Sem um banco não podemos oferecer um serviço tão completo, há limitações em crédito e outros serviços, que são cada vez mais demandados pelos clientes private, que cada vez se tornam mais internacionais”, afirmou, na ocasião.

Na Europa, o banco fez o mesmo movimento com a compra do banco FIS Privatbank, em Luxemburgo, que possui todas as licenças de operação bancária no continente, cuja operação foi concluída em setembro. E agora está colhendo os frutos desse investimento.

Por meio dele e dos escritórios de Portugal e Espanha, o banco está conseguindo capturar a custódia do crescente mercado latino que foi morar na Europa. Hoje, o banco está perto de € 500 milhões sob custódia, e a expectativa é terminar o ano com mais de 1 bilhão. E em cinco anos, a meta é ter 7 bilhões de euros.

No fim de março de 2024, o BTG Pactual administrava mais de US$ 327.4 bilhões de recursos de clientes no mundo todo, com patrimônio líquido de US$ 10,4 bilhões, ativos totais de US$ 113,6 bilhões e valor de mercado de US$ 28 bilhões.