Após as ações da Embraer passarem por uma correção de cerca de 15% desde as altas que alcançaram em março, o Itaú BBA avalia que os papéis passaram a ter uma boa relação entre risco e retorno.
E, com ao menos dois eventos de potenciais efeitos positivos no curto prazo, os analistas decidiram reiterar a recomendação de compra para a tese da empresa, com preço-alvo de US$ 62 para os ADRs.
O primeiro catalisador positivo é a Feira Aérea de Paris, evento bianual, um dos maiores do setor aéreo, que começa na semana que vem. Segundo os analistas, as expectativas são positivas diante das interações que tiveram com executivos.
“Das conversas que tivemos com a administração durante a conferência que promovemos em Nova York, no mês passado, notamos um alto nível de otimismo com novas encomendas que devem vir para as divisões de aviação comercial e para defesa”, diz trecho do relatório assinado pelos analistas Daniel Gasparete, Gabriel Rezende e Pedro Tineo.
Marcada para acontecer entre os dias 16 e 22 de junho, a Paris Airshow é tema de recentes relatórios de analistas que acompanham a Embraer, todos focados nas perspectivas de negócios que podem ser fechados.
O Banco Safra publicou um comentário em que diz estar “cautelosamente otimista” em relação às encomendas, lembrando que a companhia está focada em manter as margens em níveis saudáveis. Isso pode resultar em um volume menor de encomendas, uma vez que grandes pedidos tendem a vir com descontos significativos.
O BTG Pactual lembrou que, na edição de 2023, a Embraer fechou a venda de 38 unidades, abaixo das 78 da edição de 2019. “Avaliamos que qualquer volume de encomendas acima de 30 unidades será positivo, especialmente para o modelo E2, por ser uma família de jatos com a maior necessidade de elevar os números”, diz trecho do relatório.
Junto com o Paris Airshow, os analistas do Itaú BBA apontam os testes da aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical (eVTOL) da Eve Air Mobility como catalisador para as ações da Embraer.
Avaliada em US$ 1,6 bilhão, o valor é menor que o de outros dois nomes do setor de eVTOL, Joby e Archer, cujos market caps são de US$ 8,4 bilhões e US$ 6,5 bilhões, respectivamente.
Detentora de uma participação de 84% na Eve, a Embraer pode se beneficiar dos testes. “Entendemos que o valuation da Eve pode mudar no segundo semestre, à medida que o voo de teste do protótipo em escala real ocorrer (o eVTOL da Joby e da Archer já foi testado)”, diz trecho do relatório.
Esses catalisadores vêm num momento em que o valuation da Embraer está em patamares positivos, segundo os analistas do Itaú BBA. O EV/Ebitda de 9,4 vezes representa um desconto de 16% em relação aos papéis da Airbus, tornando as ações da Embraer um “play interessante para o curto prazo”.
Se veem dois catalisadores para as ações da Embraer, os analistas do Itaú BBA apontam para dois riscos para a tese da companhia. O primeiro é a entrada de mais clientes no Chapter 11, tal como a Azul, um grande cliente da companhia.
O segundo é uma escalada da guerra comercial, considerando que os primeiros capítulos da disputa impactaram a margem Ebit em 0,9 ponto percentual. “Há o risco de ter novos efeitos, com as companhias aéreas rolando a retirada de aeronaves para evitarem novos custos”, diz trecho do relatório.
Além de enxergarem potenciais riscos, os analistas do Itaú BBA assumiram projeções um pouco mais conservadoras para a unidade de aviação comercial, além de terem incorporado os efeitos da guerra comercial em suas expectativas para as principais linhas do balanço ao final de 2025.
A projeção para a receita líquida recuou 2% por conta da aviação comercial, para R$ 7,3 bilhões, e a estimativa para o lucro operacional diminuiu em 10%, para R$ 564 milhões.
Por volta das 15h, as ADRs da Embraer subiam 2,68%, a US$ 49,09. No ano, os papéis acumulam alta de 29,6%, levando o valor de mercado a US$ 9,06 bilhões.