A perspectiva de encerramento do ciclo de alta do juro pelo Comitê de Política Monetária (Copom) com Selic a 13,75% não alimenta o interesse por aplicações em ações ou hedge funds.

De um lado, faltam ingressos de recursos de investidores locais. De outro, os investidores estrangeiros estão ainda ausentes do mercado brasileiro, avaliam David Beker, chefe de economia no Brasil e de estratégia para a América Latina, e Paula Andrea Soto, estrategista de Brasil no Bank of America (BofA).

A dupla informa, em relatório, que fluxos de saída de investidores estrangeiros de ações brasileiras persistem, mas em montantes menores que o observado semanas atrás. O monitoramento do BofA mostra que R$ 2 bilhões aplicados em ações deixaram o país na semana passada.

“Assistimos a um aumento desse fluxo nas últimas duas semanas, mas a migração no segundo trimestre foi marginalmente menor do que no início do ano em volumes [semanais] de, respectivamente, R$ 1,2 bilhão entre abril e junho, ante R$ 2,4 bilhões entre janeiro e março”, informam os estrategistas em nota.

Beker e Soto afirmam que a saída líquida de recursos da bolsa é explicada pela “falta de apetite” dos investidores. Atentos também à movimentação de aplicadores locais, os estrategistas do BofA informam que a entrada de recursos nas cadernetas de poupança ficou estável em julho.

Os fundos de renda fixa, diz o BofA, registraram saída líquida de R$ 17 bilhões em julho e de R$ 36 bilhões nos últimos três meses encerrados em julho.

O fluxo de capital estrangeiro na B3 foi positivo em junho, citam Beker e Soto, para quem a privatização da Eletrobras [com oferta de ações em mercado] contribuiu para o movimento. Em julho, porém, o fluxo líquido ficou praticamente inalterado.

“O ingresso de recursos para a compra de ações foi forte no início do ano. Entretanto, o fluxo perdeu tração a partir de abril”, afirmam. Eles lembram que não ocorreram emissões primárias de ações na bolsa brasileira este ano.