Teste e tempo foram duas palavras bastante utilizadas por Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central, para se referir ao arcabouço fiscal, durante sua participação na Expert XP.
O ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda afirmou que se ele também estivesse do lado do mercado financeiro guardaria um certo nível de ceticismo sobre a execução fiscal do governo.
“O mercado, pela sua própria natureza, tenta antecipar tudo nos preços. O teste do arcabouço fiscal é o tempo inteiro. Não existe uma data ou evento. E é permanente”, diz ele.
Galípolo complementa: “À medida que os movimentos positivos acontecem, eles vão se refletir nos preços. Não é que o mercado deu um voto de confiança, ele premia os eventos que estão acontecendo”.
O que deixa o diretor de política monetária do BC confiante na execução do arcabouço fiscal é a maneira como ele foi construído e aprovado, por meio de consenso entre cabeças heterogêneas e no mais amplo espectro político.
“O arcabouço não é da equipe econômica, ele é do que saiu das urnas”, afirma Galípolo, ao afirmar que acompanhou toda a construção ainda como parte da equipe da Fazenda. “Mas, como em um concurso de beleza, interessa ouvir o que o mercado pensa.”
Para Galípolo, os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet tiveram um importante papel para acabar com os ruídos de preocupação com o cumprimento da meta do primário zero das últimas semanas.
“Eles foram bastante vocais e claros. Era um compromisso e está na expectativa do mercado”, disse o diretor de política monetária do BC.
Apesar da piora do câmbio nas últimas semanas, Galípolo vê o Brasil no caminho certo em relação aos seus pares. O que explica a desvalorização do real é a piora no cenário internacional. “A moeda vem se comportando bem no saldo do ano e teve um processo de valorização", diz ele.