O MSCI EM, índice criado pela empresa americana MSCI para ações de mercados emergentes, pode ganhar um impulso graças aos esforços do governo chinês de estimular a economia - um pacote de US$ 250 bilhões anunciado pelo banco central que deve inundar o mercado interno de liquidez.

A avaliação é de Mark Mobius, presidente do Mobius Emerging Opportunities Fund e um dos grandes nomes quando o assunto é mercados emergentes, e também dos estrategistas do Goldman Sachs.

Ambos entendem que as medidas servirão de catalisador para o índice, considerando que a China representa quase um quarto dele. Desde a série de pacotes que foram anunciados, junto com os efeitos da queda dos juros nos Estados Unidos, as ações dos mercados emergentes subiram 10% ante os patamares vistos em meados de setembro.

Para Mobius, as autoridades chinesas vão buscar estimular o mercado porque querem trazer de volta o capital estrangeiro. “Os chineses querem ver o mercado indo muito melhor do que está até agora”, disse ele em entrevista à Bloomberg TV. “Mas é claro que haverá correções ao longo do caminho.”

Segundo ele, a expectativa é de que cada vez mais investidores voltem ao mercado chinês, graças à melhora na visão a respeito do dragão asiático. “Eles nem queriam ouvir sobre China, porque ficaram muito machucados [com o país]. Mas agora isso está mudando”, afirmou na entrevista.

Mobius disse ainda que, com a chegada de mais investidores, os recursos totais direcionados aos mercados emergentes devem crescer. “Você vai ver esse mercado como um todo se mexer”, afirmou.

Os números já mostram essa tendência. De acordo com o Bank of America (BofA), com base nos dados da consultoria EPFR Global, os fundos de ações de mercados emergentes registraram na semana até 9 de outubro o maior fluxo de recursos no ano, de US$ 41 bilhões. Para a China, o fluxo foi de US$ 39,1 bilhões na semana.

Os estrategistas do Goldman Sachs destacaram que essa volta ao mercado chinês deve ter repercussão em outros mercados de equities emergentes, com destaque para Coreia do Sul, Malásia e África do Sul - não, não houve nenhuma indicação de Brasil.

A situação fez com que os estrategistas do banco elevassem a recomendação para a China de neutro para compra, dentro da estratégia global para Ásia.

A retomada chinesa representa uma reviravolta com o que era visto desde o final do ano passado. O CSI 300, principal índice de referência das maiores ações chinesas, começou o ano caindo ao menor patamar em cinco anos.

O movimento refletia a preocupação dos investidores em relação à economia e a disputa geopolítica com Washington, fazendo com que os investidores batessem em retirada – nos primeiros cinco meses de 2023, mais de três quartos dos recursos estrangeiros, cerca de US$ 25 bilhões, tinham deixado o país.

Os investidores aguardam para ver o que sairá da coletiva de imprensa marcada pelo Ministério da Economia da China para o sábado, 12 de outubro. A expectativa é de um anúncio vultuoso, depois que a pasta informou que anunciará uma “intensificação” das políticas de estimulo fiscal, segundo o site CNBC.

Na terça-feira, 8 de outubro, o governo informou que adiantaria US$ 14 bilhões do orçamento de investimentos de 2024 e destinaria outros US$ 14 bilhões para projetos de construção, mas o pacote foi considerado insuficiente pelos analistas.