Prestes a sediar a COP30, o governo do Pará vê na Conferência da Organização Nações Unidas sobre Mudança do Clima uma oportunidade de transformar o Estado.
Mais do que as obras para garantir a infraestrutura necessária para receber mais de 60 mil visitantes durante os 12 dias da Conferência, que ocorrerá em novembro, o evento marca o início do plano do governador Helder Barbalho (MDB) de tornar o Pará o principal polo de bioeconomia do Brasil e do mundo, criando o Vale Bioamazônico de Tecnologia.
“Acreditamos que a biotecnologia pode representar a solução para a Amazônia e para os povos que vivem aqui”, afirmou Barbalho nesta quarta-feira, 10 de setembro, durante o NeoSummit COP30, evento do NeoFeed sobre a conferência e os desafios da sustentabilidade. “Precisamos fazer com que a floresta viva valha mais do que a floresta morta.”
Segundo ele, desde 2019, quando Belém começou a se preparar para a COP30, o governo vem trabalhando para ir além da agenda do extrativismo, construindo uma economia de baixo carbono e conciliando essa iniciativa com a vocação do Estado para a mineração e produção de alimentos.
“Queremos que o ativo florestal — com 75% do nosso território coberto por floresta nativa — posicione o Pará como um centro estratégico, tornando a agenda da sustentabilidade e as soluções baseadas na natureza mais visíveis e geradoras de oportunidades”, disse.
Uma das ações é o lançamento do Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, um centro voltado para startups e fábricas de transformação, com o objetivo de converter o potencial da bioeconomia amazônica em oportunidades reais de desenvolvimento sustentável.
Considerado um dos legados da COP30 para o Estado, o Parque contará com dois galpões: um abrigará um laboratório-fábrica para desenvolver soluções bioeconômicas, e o outro sediará indústrias de transformação. O governo entregará toda a estrutura pronta às empresas, sem necessidade de investimentos iniciais.
O governador informou que o Estado está em diálogo com empresas que poderão atuar como âncoras da estratégia, conectando o conhecimento sobre biodiversidade à tecnologia.
A estrutura também busca fomentar o conhecimento, por meio de parcerias com a Universidade do Estado do Pará (Uepa) e outras instituições de ensino, promovendo a sustentabilidade e integrando a biodiversidade a áreas como gastronomia e cosméticos.
“Já temos a estrutura física, o plano estadual de bioeconomia que identificou desafios e oportunidades, e o fundo de financiamento do Banco do Pará voltado à bioeconomia”, afirmou o governador. “É o pós-COP chegando, para que possamos, assim como ocorreu no Vale do Silício, usar a tecnologia como motor de desenvolvimento.”
Esse legado se soma aos investimentos em infraestrutura realizados em Belém e em outras regiões do Estado. O governo aplicou mais de R$ 1 bilhão em saneamento básico e macrodrenagem — o maior valor da história.
O governador também destacou a inauguração de um novo sistema de transportes na região metropolitana de Belém e a redução do desmatamento: entre 2018 e o primeiro semestre deste ano, a área desmatada caiu de 4 mil para 1,3 mil quilômetros quadrados.
Outro setor fortalecido é o da hotelaria. Diante da alta nos preços de hospedagem, Belém viu a construção de dez novos hotéis, reforçando sua vocação turística.
“Esse movimento deixa um legado importante para nossa capital. Antes da COP, tínhamos 12 mil leitos disponíveis. Agora, já ultrapassamos 50 mil”, disse Barbalho. “Isso amplia a oferta de hospitalidade e fortalece o turismo no Estado.”