Nos últimos meses, Bill Ackman, fundador e CEO da Pershing Square Management, tem reservado uma parcela considerável do seu tempo para fazer críticas, alertas e projeções pouco animadoras em relação aos resultados que serão colhidos pelo Federal Reserve (Fed) no combate à inflação nos Estados Unidos.

Não foram poucas as oportunidades em que o investidor americano, também conhecido como “Baby Buffett”, traçou um cenário prevendo que a inflação e a taxa de juros permanecerão elevadas ainda por muitos anos, seja em entrevistas concedidas à mídia americana ou via Twitter.

Esse segundo expediente foi a alternativa escolhida por Ackman para voltar a discorrer sobre o tema. E, dessa vez, suas palavras vieram acompanhadas de um tom mais contundente e, ao mesmo tempo, pessimista sobre as perspectivas da economia americana.

“A meta de 2% de inflação do Federal Reserve não é mais realista”, afirmou ele, na noite da quarta-feira, 14 de dezembro, no início de uma série de postagens em seu perfil no Twitter, acompanhado por quase 584 mil seguidores.

“Não acho que o Federal Reserve possa trazer a inflação de volta para 2% sem uma recessão profunda e destruidora de empregos. Mesmo que volte a 2%, não ficará estável nesse patamar no longo prazo”, prosseguiu o investidor.

Nesse contexto, ele ressaltou que diversos componentes estão exercendo uma pressão crescente sobre os preços, tornando irreal o patamar definido pelo Fed. Após disparar 9,1% em junho, sua maior alta em 40 anos, a inflação permaneceu acima de 7%, em novembro, nos Estados Unidos.

Ontem, em mais um passo na tentativa de conter esse índice, o Fed anunciou um aumento de 0,5 ponto percentual da taxa de juros, para um intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano. Ao mesmo tempo, o banco central americano sinalizou uma elevação da taxa acima de 5% em 2023.

“A desglobalização, a transição para energias alternativas, a necessidade de pagar mais aos trabalhadores, o menor risco, as cadeias de suprimentos mais curtas e de menor risco são todas questões inflacionárias”, destacou.

Para Ackman, uma meta de 3% seria uma estratégia mais adequada para uma economia forte e para o crescimento do emprego no longo prazo. “As empresas precisam de estabilidade de preços, mas podem prosperar em um mundo com 3% de inflação estável”, observou.