A economia dos Estados Unidos cresceu a uma taxa anualizada de 3% no segundo trimestre, acima da projeção de crescimento entre 2,3% e 2,6% do mercado, recuperando-se de uma contração de 0,5% registrada no trimestre anterior.
O anúncio do Departamento de Comércio, na quarta-feira, 30 de julho, levou o presidente americano Donald Trump a comemorar o resultado em sua rede social como “muito melhor que o esperado” e a exigir a redução de juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano – que, no entanto, tende a manter a taxa inalterada em reunião agendada para o fim do dia.
“Sem inflação! Deixem as pessoas comprarem e refinanciarem suas casas!", postou Trump. Apesar da euforia do presidente americano, o cenário econômico dos EUA não é tão otimista quanto o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre sugere, conforme admitiu o próprio Departamento do Comércio.
“O aumento do PIB real no segundo trimestre refletiu principalmente uma diminuição nas importações, que são uma subtração no cálculo do PIB, e um aumento nos gastos do consumidor”, escreveu o Escritório de Análise Econômica, agência do governo que divulgou os dados.
Na prática, os números do PIB dos últimos seis meses foram distorcidos pela política comercial dos EUA, com tarifas de importação elevadas, e pelo tratamento estatístico das exportações líquidas.
No segundo trimestre, por exemplo, as importações despencaram a um ritmo de 30,3%, após as empresas anteciparem as compras no primeiro trimestre para evitar as sobretaxas, enquanto as exportações caíram a uma taxa anual de 1,8%.
Calculando a média do crescimento do PIB dos dois primeiros trimestres, a economia dos EUA cresceu a uma taxa anualizada de cerca de apenas 1,2% no primeiro semestre do ano, com tendência de desaceleração.
O aumento de 1,4% dos gastos do consumidor — o motor da economia americana —, acelerando em relação ao primeiro trimestre, foi compensado pela queda nos gastos empresariais, devido às disputas comerciais em andamento, disse a economista-chefe do US Bank, Beth Ann Bovino.
“As empresas estão muito cautelosas — elas não conhecem o roteiro e, por isso, dirigem na faixa da direita, muito devagar”, disse Bovino, acrescentando que a fraqueza no investimento empresarial provavelmente continuará no terceiro trimestre.
Os economistas do J.P. Morgan, por exemplo, apostam que o crescimento do PIB desacelere ainda mais no segundo semestre, para 0,75% anualizado.
O crescimento nas vendas para compradores domésticos privados — um indicador-chave da saúde econômica — caiu de 1,9% para 1,2% no segundo trimestre, marcando seu nível mais fraco desde 2022.
“Abaixo dos números da receita, a economia está mudando para uma marcha mais baixa, mas não está andando para trás”, diz Bernard Yaros, da consultoria Oxford Economics.
O relatório do PIB mostrou que os preços, excluindo categorias voláteis de alimentos e energia, subiram 2,5% anualizados no segundo trimestre, desacelerando em relação ao primeiro trimestre, mas ainda acima da meta de 2% do Fed.
Por isso, autoridades do Federal Reserve sinalizaram que manterão as taxas de juros inalteradas em sua reunião de política monetária atual, que termina na quarta-feira. Eles citaram a solidez da economia e a inflação elevada como motivos para manter as taxas inalteradas enquanto avaliam o impacto das políticas do governo Trump na economia.