China e Estados Unidos estão “perigosamente perto” de um conflito militar por causa de Taiwan e, caso isso ocorra, o resultado “esmagaria” o crescimento da economia mundial. O alerta foi feito pelo investidor Ray Dalio, fundador do Bridgewater Associates, um dos maiores fundos de hedge do mundo, com US$ 150 bilhões em recursos sob gestão.
A declaração reflete a tensão que começa a tomar conta do mercado de capitais diante da perspectiva de um conflito militar EUA-China. “Os Estados Unidos e a China já estão envolvidos em uma guerra comercial, uma guerra tecnológica, uma guerra de influência geopolítica e uma guerra capital e econômica, e agora estão perigosamente perto de uma guerra militar”, escreveu Dalio em um post no LinkedIn publicado na terça-feira, 15 de novembro, um dia depois que o presidente dos EUA, Joe Biden, ter se reunido na Indonésia com o presidente chinês, Xi Jinping.
O alerta de Dalio chamou a atenção por ignorar o tom ameno do encontro entre Biden e Xi, quando os dois líderes sinalizaram que queriam melhorar as relações tensas por causa de divergências sobre Taiwan.
Dalio, porém, advertiu que a ameaça de conflito já está impactando o mundo, “paralisando a atividade, levando à construção ineficiente da autossuficiência de várias maneiras, o que é economicamente caro”.
Outro investidor de peso, o americano J. Kyle Bass - fundador da Conservation Equity Management (CEM), uma empresa de private equity com foco na sustentabilidade ambiental, e diretor da Hayman Capital Management, um fundo de hedge com sede em Dallas - citou recentemente o discurso de Xi no Congresso do Partido Comunista Chinês, em outubro, no qual o líder disse a seu país para se preparar para uma "tempestade perigosa". Para Bass, o discurso de Xi era um sinal de que a China está se preparando para invadir Taiwan.
Dalio previu que uma guerra em Taiwan pode ocorrer nos próximos dois anos num contexto de uma provável vitória do Partido Republicano, sob a liderança de falcões radicais, nas eleições presidenciais dos EUA. Neste caso, segundo ele, uma crise econômica global provavelmente causará desespero.
“As eleições de 2024 nos Estados Unidos e em Taiwan, o rearmamento japonês e a probabilidade de piores condições econômicas globais nessa época tornam 2024 a 2025 um período especialmente arriscado”, disse ele. "A mera percepção de que uma guerra militar é uma possibilidade já tem um efeito negativo nos mercados e na atividade econômica; obviamente, a realidade disso seria desastrosa", acrescentou.
A atual guerra entre Rússia e Ucrânia, de acordo com Dalio, serve de exemplo do que ocorreria num conflito militar envolvendo as duas maiores potências econômicas do mundo, com os países ocidentais provavelmente sancionando produtos chineses se um ataque a Taiwan acontecer.
"Imagine se investir ou produzir na China ou comprar produtos chineses se tornasse politicamente igual ao que está sendo feito contra a Rússia." Segundo o investidor, “isso já está fazendo com que importadores e investidores busquem outros países”.