O pronunciamento do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, na cerimônia de abertura do simpósio anual de bancos centrais em Jackson Hole, na sexta-feira, 26 de agosto, teve um “esquenta” animado o suficiente para atiçar os críticos à comunicação do Banco Central dos Estados Unidos.

Em um cenário conflitante nas últimas semanas, de amplas declarações de dirigentes da instituição ante o posicionamento do Fed em documentos, a comunicação tem reforçado a volatilidade nos mercados.

Nesta quinta-feira, 25 de agosto, ao menos cinco dirigentes distritais do Fed se pronunciaram sobre taxa de juro. As declarações chamaram atenção em mesas de operações mundo afora.

A manifestação mais comedida foi a da anfitriã Esther George, presidente do Fed de Kansas City, responsável pela organização do simpósio que reúne banqueiros centrais, ministros de finanças e acadêmicos.

Em entrevista à rede americana CNBC, George disse que o Fed tem “muito trabalho a fazer para controlar a inflação nos EUA”. Ela evitou fazer previsões e afirmou que não dá para estimar com precisão o quanto o Fed precisará elevar os juros para conter a espiral inflacionária.

O colega James Bullard, presidente distrital do Fed de St. Louis, afirmou que “as taxas não estão altas o suficiente agora” e que “é preciso chegar a uma taxa alta o suficiente para empurrar para baixo as pressões inflacionárias.”

Bullard disse que antecipar o ajuste dos juros mostra que há seriedade na luta contra a inflação. E acrescentou que, depois que a taxa ficar acima do intervalo de 3,75% a 4% (hoje está em 2,25% a 2,50%), não tem "certeza do que virá a seguir”.

Num discurso mais duro que o do colega Patrick Harker, presidente do Fed da Filadélfia, ele disse estar claro que os EUA correm risco de uma recessão. Harker, por sua vez, declarou à CNBC o que os mercados gostariam de ouvir: “Não vejo riscos para uma recessão prolongada.”

Sua fala repercutiu nas bolsas americanas, onde os principais índices engrenaram a trajetória de alta, ante a expectativa de um Fed menos agressivo nas próximas decisões de política monetária.

Harker, do Fed Filadélfia, não sinalizou preferência por juro de 4%, considerado bem restritivo para a economia americana, e avaliou que a instituição deve elevar sua taxa acima de 3,4% e aguardar os resultados porque juro neste nível “começará a desacelerar a economia”.

Ele lembrou que uma alta de 0,50 ponto percentual “ainda é substancial” e relatou que, desde 1983, o Fed elevou sua taxa 86 vezes e 75 desses movimentos ficaram abaixo de 0,50 ponto.

Ao The Wall Street Journal, Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta, admitiu, porém, que dados mais fortes da economia podem levar o Banco Central americano a aumentar sua taxa em 0,75 ponto e que “é muito cedo para dizer que a inflação atingiu seu pico.”

No final da sessão, o S&P 500 operava em alta de 1,41%, o Dow Jones, em 0,98%. e o Nasdaq com valorização de 1,67%.