Crowdfunding não é um modelo novo. Já faz muitos anos que as primeiras plataformas chegaram para ajudar pessoas, artistas, instituições a fazer uma vaquinha para pagar um projeto, dar uma ajuda, viabilizar uma ideia, realizar um sonho. Nessa linha, temos várias plataformas no Brasil, inclusive uma delas chama-se Vakinha.

Outra plataforma bem-sucedida por aqui é a Queremos. O site reúne fãs que compram ingressos antecipados de shows para viabilizar as apresentações. Se o valor mínimo for atingido, o show acontece. Caso o valor não for suficiente, o dinheiro retorna para quem contribuiu.

E você deve estar se perguntando: na prática, a pessoa apenas comprou um ingresso antecipado, certo? Não apenas isso. A plataforma permite que fãs se tornem produtores dos shows, tirando o monopólio dos grandes centros.

Se um show de uma banda acontece apenas em São Paulo e no Rio de Janeiro, os fãs de outras cidades podem se unir e fazer essa vaquinha coletiva levando o artista para suas cidades. O site faz exatamente esse trabalho de dar ao produtor a segurança de que aquele artista, naquela noite ou naquela praça, irá esgotar seus ingressos de forma antecipada.

E o esquema tem sido um sucesso. A Queremos acabou de anunciar um festival com grandes nomes da música brasileira que também foi financiado pelos fãs que garantiram seus ingressos antecipados pela plataforma.

Já venho falando aqui sobre impacto que a associação com ideias, formatos e players do mercado financeiro está tendo sobre o entretenimento no Brasil e no mundo. Nesse campo do crowdfunding, o impacto está sendo gigante, basta sofisticar a ideia um pouco.

Explico. Imagina que em vez de financiar um artista doando dinheiro ou garantindo a compra de um ingresso, os fãs podem na verdade investir diretamente na carreira do artista, ou em projetos específicos, e ganhar também retorno financeiro sobre o investimento junto com o artista?

Essas ideias pareciam utópicas, ou sem sentido. Se fossem faladas há uma década, realmente seriam, mas o avanço das plataformas, a criação do blockchain e o amadurecimento da relação entre entretenimento e mercado estão tornando sim, esse negócio possível.

Um potencial player brasileiro que se desenha nesse mercado é a plataforma Divi-Hub, fundada por Ricardo Wendel e que acaba de receber um aporte de US$ 2,4 milhões da holding de investimentos americana Comstar. Com a Divi-Hub, os fãs podem investir até a partir de cotas de R$ 10,00 e participar da realização de projetos de entretenimento e empreendedorismo cultural.

Um deles, Favela Brasil Xpress, em parceria com G10 Favelas, permite por exemplo o investimento em negócios que acontecem em comunidades e favelas de centros urbanos do Brasil, favorecendo o fomento desses negócios e o envolvimento da sociedade neste sucesso.

Um dos lemas dessa startup é: “Por que só se inscrever no canal, se você pode ser sócio?” A ideia faz sentido, mas ainda falta rodar um pouco mais para a gente entender qual o tamanho possível desse retorno.

É muito rico e importante ver toda essa movimentação em cima do creators economy, e como o mercado financeiro está se associando ao entretenimento. Neste início, muitas vezes as ideias e projetos parecem pequenos ou não tão significativos, mas o importante nessa história são os caminhos que eles estão abrindo para grandes transformações em modelos de negócio. Quem sai primeiro, como vocês sabem, sai na frente.