O calendário chega ao final da primeira quinzena arrematando estatísticas cruciais para decisões que poderão culminar com o encerramento do ciclo monetário responsável pelos maiores aumentos de juros em décadas. E nas maiores economias.
EUA, Zona do Euro e China continuarão catalisando as atenções do mercado financeiro, acrescentando no tabuleiro indicadores relevantes para a atividade global a serem analisados particularmente pelos Bancos Centrais que encaram processos diferenciados de desinflação.
Na primeira semana de setembro, Índices de Gerentes de Compra da S&P Global assinalaram a perda de dinamismo das economias europeia e chinesa. Nos EUA, a atividade resiliente lança dúvidas sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed) na gestão da taxa de juro.
Alvo de expectativa generalizada, a inflação ao consumidor nos EUA em agosto será divulgada na quarta-feira, 13 de setembro, e poderá reforçar a já elevada aposta na manutenção da taxa básica pelo Fed que se reúne em 19 e 20 de setembro. Na quinta-feira, 7 de setembro, 93% das apostas no mercado futuro de títulos do Tesouro americano apontavam estabilidade.
Em julho, a inflação americana avançou 0,2% em base mensal e 3,2% na anual. A Trading Economics projeta 3,4% em agosto. Embora distante da meta de 2%, a previsão não abalou a expectativa de que o aperto monetário chegou ao pico na faixa de 5,25% a 5,50%.
Na Zona do Euro, o Banco Central Europeu (BCE) estará dividido, nos próximos dias, entre reiterar o compromisso de combater a inflação, elevando novamente o juro, ou dar suporte à economia que desanda a toque de caixa.
O BCE discutirá a política de juros na quinta-feira, 14 de setembro. Sua taxa de referência está em 3,75% – baixíssima para o padrão brasileiro. Entretanto, a mais elevada no bloco em duas décadas.
Neste momento, BCE e Fed compartilham uma receita. Ambos condicionam explicitamente as decisões monetárias de setembro à análise de dados de inflação e atividade que poderá resultar em mais aumento do juro ou na interrupção do ciclo e manutenção das taxas atuais por um longo período. Chance de queda? Nem pensar.
Assim como nos EUA, na Zona do Euro a inflação vem declinando, mas fechou agosto em 5,30%. Variação bem superior à norte-americana, de 3,20%, para uma mesma meta de 2%.
A ver, portanto, o esforço ainda a ser empreendido pelo BCE para cumprir a meta em meio ao risco de recessão no bloco. Informação divulgada na quinta-feira, 7 de setembro, o PIB da Zona do Euro foi revisado de alta de 0,3% para 0,1% no segundo trimestre. Em base anual, o bloco cresceu 0,5%.
No final da quinzena, na China serão disparados indicadores de produção industrial, vendas no varejo, investimentos, crédito e desemprego. Os dados apontarão o ritmo da atividade no início do terceiro trimestre chamuscado pela alavancagem do setor imobiliário que respinga em fundos de investimentos.
No ano, o PIB chinês poderá ficar aquém da meta de crescimento de 5% lançada por Pequim. Dificilmente, porém, vai tombar a 3% – equivalente à expansão em 2022 sob influência das restrições impostas pela política de “Covid Zero” e desaceleração global em meio a pressões inflacionárias e aperto monetário coletivo.
Em contraponto aos alertas disparados por consultorias internacionais, relatório apresentado no início de setembro pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) prevê avanço de 5,4% - projeção que favorece a marca perseguida pelo governo chinês.