Não vai ter samba na avenida, bloco na rua e (ainda não consigo acreditar!) muito menos o Camarote Salvador.
A saída é “festejar” com o meu abadá da B3, ao som do sino da bolsa, embalado pelos altos rendimentos das empresas tech.
Nem precisa dizer que é VIP, só falar que é tech que as ações disparam como foguete, velhotes.
Mas, como nem todo mundo consegue entrar nessa folia, dá para sentir o gostinho das matinês regadas a muitos aportes por parte dos fundos de venture capital.
O Clubhouse, a rede social que virou febre mundial e, claro, no Brasil, recebeu recentemente US$ 100 milhões e já vale US$ 1 bilhão.
Se eu soubesse que era só botar todo mundo na linha telefônica e chamar uma tia ou tio para organizar a fila de quem fala primeiro nessa egotrip, teria inventado esse negócio, “meo”!
Ainda não criei nenhuma sala por lá. Mas, ao escrever essa coluna, tive uma ideia. Um bloco do “Unidos da Vacina S/A”, com todo mundo fantasiado com a nota de R$ 200,00 com o vira-lata caramelo estampado. Não entendeu nada? Como aqui não tem áudio, explico abaixo.
Cadê meu abadá?
Clima de carnaval esse ano é no setor de tecnologia! A combinação de juros baixos + migração de recursos para renda variável + aceleração da agenda digital durante a pandemia fez com que algumas startups aumentassem o ritmo de crescimento e, consequentemente, despertassem o interesse dos investidores – ávidos por boas histórias de growth.
Sem o Camarote Salvador (até foto aqui eu coloquei, ai que saudade!) a aglomeração mais premium se deu nos books de algumas dessas ofertas. O IPO da Mosaico, por exemplo, reuniu mais de 160 investidores institucionais e os bancos de investimento conseguiram alocar menos de 5% do volume pedido por cada uma dessas gestoras. Como em qualquer boa festa, o “nome na lista” ajuda, mas se lotar, não é garantia de acesso.
Festinha matinê
Nos tempos de Arthuritinho, era muito comum rolarem as “matinês”, festas no período da tarde, sem bebida alcóolica e voltadas para adolescentes entre 14 e 17 anos. Era um dos pontos altos na vida desses jovens e no final acabava servindo como uma “preparação” para que o estaria por vir... Faculdade, jogos universitários, festas de “gente grande”.
Se olharmos para o mundo da tecnologia, as festas matinês são os aportes de fundos de venture capital em startups menores, ou que ainda não estejam preparadas para se tornarem públicas, ou “adultas”, se formos manter a metáfora aqui (rsrsrsrsrsrs).
Só no mês de janeiro foram investidos US$ 630 milhões em startups, cifra que representa quase 20% de todo o valor investido em 2020, segundo dados do Distrito. Fintechs lideram essa corrida, o que mostra que o clima de festa está presente para tecnologia em todos os seus estágios.
Vacina S/A
Todo mundo sabe que além de imunizar contra a COVID-19, as vacinas também servem como uma injeção de serotonina para a atividade econômica. Pensando nisso, Luiza Trajano (foto), do Magazine Luiza, lançou o movimento “Unidos pela Vacina” que planeja imunizar toda a população brasileira até o mês de setembro.
A meta é audaciosa e é mais um exemplo de como a iniciativa privada pode se organizar para ajudar na solução de problemas que, no final do dia, são “público-privados”. Além dela, Walter Schalka (Suzano) e Paulo Kakinoff (Gol) se uniram à causa com o apoio técnico de suas empresas. É isso, velhotes, o dia D e a hora H parecem estar chegando mais perto com o apoio do capitalismo selvagem!
Achei mais fácil mandar áudio...
Na semana passada, chegou por aqui a nova rede social que promete exponenciar aquela sensação bacana que sentimos ao receber um áudio de 2 minutos e meio no WhatsApp.
Brincadeiras à parte, o Clubhouse já virou febre, já é unicórnio, já está sendo copiado pelo Zuck e já está gerando negócios virtuais (brasileiro é phod..) com venda de convites para entrar na plataforma.
Velhotes, eu já estou lá, mas confesso que não tenho uma opinião formada e também estou meio sem tempo de usar o app. O futuro nos dirá se o hype é passageiro ou se realmente vai emplacar. Até lá, sigam não me mandando áudios no zap, a menos que você seja a minha sobrinha
Independência e vira-lata caramelo
O Senado aprovou essa semana o projeto de lei que dá independência ao Banco Central. O modelo, que é defendido pelo Banco Mundial e já é realidade em vários países desenvolvidos, visa diminuir a interferência política e dar autonomia total ao BC na condução da política monetária, liquidez da economia, gestão das reservas internacionais entre outros temas.
O projeto ainda precisa ser aprovado pela Câmara dos Deputados, mas eu já colocaria na lista de tarefas, pós aprovação, a imediata nomeação do vira-lata caramelo como modelo da nota de 200 reais (que cá entre nós, velhotes, nunca emplacou com o lobo-guará).
Yellow carnival
Felizmente avançamos para fase amarela, mantendo assim alguns empregos e estabelecimentos que respiravam sob ventilação mecânica. Para quem for ficar em São Paulo, fica a dica para curtirem uma tarde no Varanda Estaiada ou no Bonita Bar, localizado no coração do Condado, e que terá programação especial no sábado e domingo.
Arthurito da Faria Lima tem mais de uma década de experiência no mercado financeiro e lançou seu perfil no Instagram, em agosto de 2020, para comentar os bastidores do Condado da Faria Lima - de preferência apreciando um bom Negroni. Nos fins de semana, costuma desembarcar com a sua “tropa” na Baleia, em Campos ou na Península.