Quando muita gente estava trancada dentro de casa, eles decidiram investir na área externa. E, com lojas e shoppings fechados, partiram direto para a internet, trilhando um caminho pouco usual para marcas de móveis de alto padrão, acostumadas a depender de indicações de arquitetos e decoradores.

Resultado, nos últimos dois anos a Eco Flame Garden, uma “DNVB de mobiliário outdoor”, criada pelos empreendedores Rubens Stuque, 27, e Mateus Ferrareto, 25, faturou quase R$ 30 milhões apenas pelo Direct do Instagram.

Atualmente, 89% das vendas são feitas diretamente para o consumidor final. Seja pela rede social, pelo e-commerce do site ou nos cinco lounges físicos instalados em shoppings de São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, Curitiba e Porto Alegre para que o cliente possa conhecer e experimentar as peças ao vivo. Mas isso pode mudar nos próximos anos.

Depois de participar das edições da Casa Cor em Santa Catarina e no Paraná, e ganhar o prêmio de inovação na Equipotel com o sofá Drenante (que conta com materiais recicláveis e tecnologia japonesa de absorção e escoamento exclusiva no Brasil), e a poltrona Summer (confeccionada em tricô náutico com base de alumínio), a marca parte para o B2B.

“Logo no primeiro mês esse canal já representou 15% do faturamento”, aponta Stuque, surpreso com o potencial. “Nossa projeção era fechar 2023 com R$ 70 milhões, mas com as novas frentes o cenário é totalmente outro”, completa. Somadas todas as frentes, a expectativa é que o faturamento com B2B seja três vezes maior em relação ao B2C em 2023, e chegue à casa dos R$ 115 milhões.

Produzidas em quatro fábricas parceiras na região de Salto (interior de São Paulo), as 40 variedades de produtos com design próprio que compõem o portfólio já podem ser encontradas nos hotéis Six Senses Botanique (SP), Fasano Boa Vista (SP), Bendito Cacao Resort & Spa (SP), rede Carmel (CE), Cabana Home (SP) e Pousada Villas Taturé (AL). E peças exclusivas para atender as demandas do setor já estão em desenvolvimento.

Nos planos de expansão ainda consta a abertura de outros sete pontos físicos até o fim de 2023 em praças como Belo Horizonte, Florianópolis, Brasília, Fortaleza e Recife, num ensaio para transformar o modelo de lounge/showroom em lojas franqueáveis. Além do início das exportações. “Já estamos conversando com hotéis e lojas multimarcas em Dubai e estudando entrar nos Estados Unidos com e-commerce próprio mesmo”, diz Rubens Stuque.

Pufes que utilizam redes de pesca recicladas por ongs parceiras do Projeto Tamar

“A vantagem de ser digital é que nossos produtos só são realmente lançados depois de muita análise de dados, conversas com o consumidor, testes e protótipos”, aponta Ferrareto, que pela formação em arquitetura acabou sendo o braço mais próximo da área de design enquanto Stuque se encarrega da prospecção.

Vem de sua atuação na empesa de engenharia e construções Steel, responsável por obras em condomínios de luxo como Quinta da Baronesa, Fazenda Boa Vista e Terras de São José o acesso a grandes arquitetos e empresários que hoje se tornaram clientes e abriram portas para a nova empreitada tanto no B2C quanto no B2B.

Com o novo braço de atuação, o tíquete médio de R$ 8,8 mil, valor em geral referente a três peças, deverá subir substancialmente. Mas a ideia para não gerar tanta disparidade entre os canais é investir ainda mais em móveis complementares e acessórios para os produtos já existentes. Estimulando, assim, a recompra e o estreitamento da relação com o público.

Nesse sentido, ao lado do tacho feito de aço cortem (usado como lareira externa), que ainda hoje é seu best-seller (de R$ 3 mil a R$8 mil dependendo do tamanho), foram lançados pufes, apoiadores de pés, queimadores ou mesmo um suporte para lenha, sugeridos no site também como kits.

O tacho que funciona como lareira externa é o item best-seller

Para justificar a promessa ecológica estampada no nome, além da utilização de materiais recicláveis na fabricação das peças e a promessa de neutralizar as emissões de carbono de diversos produtos, a empresa acaba de lançar uma coleção de pufes para jardins com o Projeto Tamar, que substitui 20% do enchimento feito com polietileno por partículas feitas a partir de redes de pesca retiradas do mar por ONGs parceiras.

“Para esse primeiro momento conseguimos 12 toneladas de redes para trabalhar. Mas até o fim do ano queremos aumentar esse número e passar para 70 a percentagem de redes nos enchimentos”, diz o sócio mais velho, formado em engenharia civil. Além disso, a empresa ainda se comprometeu a revitalizar o mirante e o bar do complexo Tamar na Praia do Forte (BA) e doar ao projeto 5% do valor de cada pufe da coleção.

De acordo com Stuque, a empresa tem crescido mensalmente 20%, com capacidade de implemento de produção de sete a oito vezes mês sobre mês “estipulado em contrato” com os fabricantes parceiros. Isso para não perder o diferencial da pronta entrega prometida para todo o Brasil em até uma semana e em até dois dias úteis para São Paulo.

“Ano passado nosso pico de vendas foi em dezembro, quando triplicamos os pedidos em relação aos meses anteriores, justamente por essa vantagem. Nessa época, as indústrias tradicionais nem aceitam mais encomendas porque precisam de prazos mais longos para a fabricação. Mas todo mundo quer passar o ano com a casa renovada”, aponta o empresário.