Segundo filho de José Victor Oliva, conhecido como o “rei da noite”, e da ex-jogadora de basquete Hortência, Antônio Oliva sempre soube que seguiria os passos do pai. “Nunca tive dúvida de que uma hora ou outra eu acabaria trabalhando com entretenimento”, disse ao NeoFeed o DJ e empresário de 25 anos.
Oliva é um dos três sócios do grupo PHD, que é dono das baladas Disco e Tetto, dos restaurantes Antonella Maison, Pippo Limone e Mr. Wong, do espaço de eventos PHD Rooftop e do beach club Tetto Playa. À exceção do último, no Guarujá, todos os negócios estão localizados no eixo mais badalado da zona oeste paulistana, de Pinheiros ao Itaim.
Até o meio do ano, o Tetto deverá ganhar filiais em Vitória, Balneário Camboriú e Curitiba – as novas empreitadas deverão ter sócios locais. Antônio chefia os departamentos de marketing e comunicação e faz as vezes de relações públicas. As demais áreas estão nas mãos dos outros sócios, Marco Bordon e Bruno Amorim.
A holding remete ao grupo pelo qual José Victor Oliva será sempre lembrado. Reunia a lendária boate Gallery, a mais concorrida de São Paulo nos anos 1980 – Pelé, Senna e Luiza Brunet eram alguns dos habitués –, além de uma porção de restaurantes que marcaram época como o Buffalo Grill, uma das primeiras churrascarias sofisticadas do País.
Gugu di Pace, José Pascowitch e Giancarlo Bolla eram sócios do grupo, que inovou ao oferecer para o público diversas opções gastronômicas, nenhuma igual a outra, todas na mesma região.
A ideia era que a clientela se dirigisse cada dia a um estabelecimento diferente – desde que de José Victor e companhia. É uma fórmula que o PHD, focado em jovens da elite como Antônio, soube replicar com êxito.
Hoje à frente do Holding Clube, que se especializou em marketing de experiência e é dono de eventos como o camarote Nº1 da Sapucaí, José Victor virou uma espécie de mentor de Antônio e seus sócios.
“Meu pai está sempre presente e é amigo de todos”, diz o filho, que, por ter nascido no final dos anos 1990, nunca pisou na lendária boate da Rua Haddock Lobo. “Mas ele sabe que a noite paulistana mudou muito desde a época do Gallery e que suas opiniões podem estar um pouco ultrapassadas”.
O pai sugeriu, por exemplo, que o Tetto abrisse as portas todos os dias – como o Gallery – e não só de quarta a sábado. “Não, pai, hoje em dia não funciona mais assim”, explicou o filho.
Segundo Antônio, surpreender a clientela com novidades de tempos em tempos é fundamental para prosperar nesse meio. “O público paulistano, e ainda mais o nosso, que conhece tudo, é extremamente infiel”, diz. “Se encontra sempre a mesma coisa, não volta mais.”
É por isso que o Antonella passou a servir um brunch dominical recentemente. Pela mesma razão, o Tetto promove festas temáticas com regularidade – geralmente em parceria com marcas como a John John. De 2017, essa balada continua em alta, segundo ele, graças a iniciativas do tipo. “Só assim para continuar uma novidade”, receita.
No ano passado, o Tetto passou a abrigar eventos corporativos de domingo a terça. “Viraram a principal fonte de receita do espaço”, informa.
De 2020 para cá, o faturamento do grupo, não revelado, cresceu 40%. “Fomos corajosos na pandemia”, afirma. “Enquanto muita gente do segmento se sentiu ameaçada, enxergamos novas oportunidades para crescer. Acreditávamos, afinal, que o setor de entretenimento voltaria com tudo”.
Só o Tetto e o Antonella foram inaugurados antes da pandemia. Pippo Limone, Mr. Wong e a balada Disco, que fez sucesso nos anos 2000 em outro endereço e com outros sócios, dividem o mesmo endereço – o predinho no Itaim que abrigava o Tessen, japonês badalado que não resistiu à quarentena.
A decoração é um item com o qual o trio não economiza. “Ninguém vai aos nossos empreendimentos só para jantar ou tomar um drinque”, Antônio justifica. “Vai atrás de uma experiência única.”
Em média, o grupo investe cerca de R$ 10 milhões em cada casa. O tíquete médio é de R$ 350 e a clientela, em geral, está na faixa dos 25 anos aos 40 anos.
Decorado com papéis de parede rebuscados, lustres monumentais e uma infinidade de flores, o Antonella convida a clientela a se imaginar em uma mansão francesa do começo do século passado. Inventou-se até uma habitante fictícia, a Antonella, uma jovem bem-nascida que ficou viúva aos 17 anos e ganhou fama pelas festas que organizou.
Vizinho ao Unique, o estabelecimento foi inaugurado em novembro de 2019 com uma festa só para convidados. Dress code obrigatório: trajes da belle époque ou black tie.
Em funcionamento desde março de 2022, o Pippo Limone foi inspirado na incensada ilha de Capri, na Itália. A cobertura, retrátil, sustenta dezenas de limões sicilianos, que conferem um ar campestre ao restaurante.
Ambientação nenhuma, porém, é suficiente para cativar a clientela, sustenta o empresário. “Tudo precisa estar perfeito, da comida ao volume da música”, defende. “Basta um cheiro de peixe excessivo no salão para estragar a experiência”.
Formado em administração de empresas pela ESPM, Antônio começou a se apresentar como DJ quando ainda era adolescente. Daí para organizar as próprias festas com ele mesmo no comando dos pickups foi um pulo – o gênero que impera em suas playlists é o afro house.
No meio da faculdade, comunicou ao pai o desejo de começar a trabalhar com ele. Papo vai, papo vem, os dois concluíram que ele não deveria debutar no Holding Clube. “Todo mundo ia me tratar como ‘o filho do dono’”, admite.
O jeito foi bater na porta de uma empresa concorrente, a Rock Comunicação, na qual ele se empregou por um ano. De lá, migrou para a empresa do pai, onde continua a dar expediente.
A ideia de criar versões do camarote Nº1 fora da Sapucaí é atribuída a ele. “Sou daquelas pessoas que deixam de curtir a própria festa para garantir que todo mundo está se divertindo”, resume o filho do “rei da noite”.