O que Gladiador 2 tem em comum com O Poderoso Chefão? Quem comparou os dois filmes recentemente foi o cineasta britânico Ridley Scott, ao confirmar que a terceira aventura do seu épico de “espada e sandália” já está garantida.
E isso antes mesmo de Gladiador 2 ter desembarcado, na sexta-feira, 22 de novembro, em mais de 3,5 mil salas nos Estados Unidos.
“Graças ao desempenho do filme no resto do mundo, certamente filmaremos Gladiador 3. Como é uma questão financeira, seria insano não considerar a terceira versão”, afirmou o inglês Ridley Scott, comemorando a bilheteria alcançada na estreia do título no mercado internacional, no final de semana passado.
O blockbuster que representa a volta do filme-espetáculo, no sentido mais clássico (antes de os super-heróis dominarem Hollywood e as telas), abriu com mais de US$ 87 milhões, em cerca de 60 países. A quantia foi o suficiente para marcar o maior lançamento fora da América do Norte de um filme de Scott.
Em encontro virtual com jornalistas, que teve cobertura do NeoFeed, o cineasta afirmou que Gladiador 2, atualmente em cartaz no Brasil, foi concebido para deixar em aberto a possibilidade de mais uma sequência. E provavelmente em um prazo menor do que os 24 anos que separam o original da primeira continuação.
“A fala ‘Pai, o que devo fazer?’ [de Lucius Verus Aurelius, no final do filme], mostrando que ele não quer o trabalho, lembra um pouco O Poderoso Chefão, com Al Pacino não querendo o papel que terá de aceitar. De certa forma, eu roubo um pouco aqui. Obrigado, Francis”, brincou Scott, referindo-se ao colega Francis Ford Coppola.
A ideia para o próximo capítulo da saga será explorar as experiências de Lucius (interpretado por Paul Mescal), em uma posição que não gostaria de ocupar. Embora Scott e até Mescal já estejam falando de um Gladiador 3 nas entrevistas, a terceira produção ainda não foi anunciada oficialmente pelo estúdio responsável pela franquia, a Paramount Pictures.
Mas os números falam por si. Por mais que Gladiador 2 possa perder, ao bater de frente neste final de semana com o musical Wicked nas telas, como um novo “Barbenheimer” (talvez um “Glicked” ou “Wickediator”), o épico deve arrecadar de US$ 60 milhões a US$ 80 milhões na sua abertura na América do Norte, segundo de especialistas.
E tudo indica que Gladiador 2 terá uma carreira de sucesso, apesar de figurar entre as produções mais caras do ano, com orçamento estimado em US$ 250 milhões.
O que também conta muito a favor é o fato de a sequência estar à altura do original, ao apresentar trama sólida, personagens fortes e bem desenvolvidos e cenas de ação e de batalhas eletrizantes.
Foi assim que o primeiro filme conseguiu vender US$ 465 milhões em ingressos ao redor do globo, em 2000. E a produção ainda conquistou cinco Oscars dos 12 que disputou, incluindo os prêmios de melhor filme e de melhor ator, para Russell Crowe, no papel do general Maximus Decimus Meridius, que fez história na arena de Roma.
“O filme original nunca desapareceu”, disse Scott, ao justificar a necessidade de uma continuação, ainda que tardia, para a história do guerreiro que acabou se sacrificando por Roma. “O primeiro Gladiador ganhou vida própria, ficando muito popular com todas as novas plataformas, o que deixou claro que precisaríamos de uma sequência.”
“Quando nós nos sentamos com os colegas produtores, para decidirmos o que fazer, inicialmente examinamos os fatos: quem está vivo. Daí chegamos a Connie Nielsen [que interpreta Lucilla] e o filho da sua personagem [Lucius, vivido pelo ator mirim Spencer Treat Clark], que desapareceu misteriosamente no primeiro filme. Ele se tornou então o primeiro alvo”, contou Scott.
Isso explica a revelação feita em Gladiador 2, de que Lucius (agora adulto, na pele de Mescal) é, na verdade, um filho ilegítimo de Maximus. E o fato de o menino ter idolatrado o gladiador no primeiro filme ajudou, convencendo toda a equipe de que esse era o melhor caminho para a continuação.
Antes de encerrar o encontro com a imprensa, Scott comentou a recente trend sobre o Império Romano nas redes sociais, sobretudo no TikTok.
Nos vídeos, as mulheres perguntam aos homens com qual frequência eles pensam no Império Romano, descobrindo que o período histórico que evoca poder e masculinidade passa na cabeça de muitos praticamente todos os dias.
“Eu concordo”, disse Scott, acrescentando que a fascinação provavelmente se deve “à visão do Império Romano como um banquete de comportamento extremo”.
E ele completou: “Enquanto nós gostamos do período como um filme de Hollywood, eles faziam aquilo por diversão. Ver uma família ser devorada por um leão era como assistir a uma partida de futebol. Eu até tento manter uma visão romântica de um gladiador, mas a verdade é que Roma era realmente perversa”.