O arquiteto Marcio Kogan, um dos mais premiados dos tempos contemporâneos, já havia feito tudo quanto é tipo de projeto arquitetônico no Brasil e no exterior. Mas o convite feito por Evan Kween, um grande empresário do setor de real estate em Cingapura, não era daqueles mais triviais.

Kween, um amante da arquitetura e vice-chairman do grupo hoteleiro Capella Hotels, com unidades na Ásia e Oceania, queria que Kogan e seu time criassem um hotel nas paradisíacas Ilhas Maldivas. Mas não um hotel qualquer. Tratava-se de erguer 90 villas para ocupar uma ilha inteira.

Kogan não hesitou e, em 2016, junto com sua equipe, começou a rabiscar os primeiros traços do projeto que nasceria na Fari Islands, uma ilha artificial, construída em um paraíso que sofre com o aquecimento global e o aumento do nível do mar.

Pois bem, nesta semana, mais precisamente na terça-feira, 18 de maio, o Patina Maldives, uma obra de arte criada pelo Studio MK27, abre suas portas para o mundo – inclusive para os brasileiros que, por conta da Covid-19, estão impedidos de entrar em grande parte dos países do globo, mas podem entrar nas Maldivas.

O Patina Maldives é o maior projeto que seu escritório já fez. “Uma ilha só nossa. Eu sou o prefeito da ilha”, brincou Kogan, em um curta-metragem de Jean Bergerot. O projeto tem como eixo principal criar um ambiente de convivência, mas com a premissa de não competir com a beleza do lugar.

E tudo, absolutamente tudo, foi feito por Kogan e sua equipe: da disposição das cabanas, passando pelos espaços de convivência, até as maçanetas das portas. “A coisa mais bacana do projeto foi a nossa ideia de fazer um village para as pessoas se encontrarem”, diz Kogan.

Os últimos detalhes da olha, antes da inauguração

Com diárias a partir de US$ 1.948 o casal, o Patina Maldives traz o conceito de um resort que combina com maestria isolamento e sociabilização, design e natureza, o “dolce far niente” e a criatividade, tecnologia e rusticidade.

Não poderia ser diferente. Sob o comando de Kogan há mais de 40 anos, o escritório Studio MK27 é conhecido pelos projetos que valorizam a simplicidade e a elegância.

Alguns deles, Hotel Fasano, em São Paulo, e a Casa na Areia, concebida em Trancoso para o francês Serge Cajfinger, fundador da marca de moda feminina Paule Ka. No Patina Maldives, Kogan trabalhou ao lado da arquiteta Renata Furlanetto e com Diana Radomysler e Pedro Ribeiro no design de interiores.

O resort, com um total de 34,5 mil metros quadrados de área construída, se espalha por 400 mil metros quadrados de área na ilha pousada no atol de Malé do Norte, a 50 minutos de barco do Aeroporto Internacional de Malé. Ele forma uma rede de espaços de sociabilização e santuários privativos distribuídos entre o mar cristalino e a vegetação tropical.

A vista de uma das villas é o ponto alto

Madeira orgânica, discretos painéis solares, pedra, texturas e fibras naturais caracterizam as construções, baixas, de linhas retas e suaves, que jamais quebram o horizonte. São 90 villas de um, dois ou três quartos – todas com piscina própria, algumas de frente para as praias de areias branquinhas, outras suspensas sobre o mar.

Na curadoria de mobiliário, estão nomes de peso no design internacional como Dedon, Carlos Motta e Paola Lenti. “Uma das primeiras pesquisas de marketing dizia que hóspedes tendem a se entediar depois de uma semana. Mudam de hotel ou partem para outro destino”, explica Kogan.

O arquiteto Marcio Kogan

“A coisa mais bacana do projeto foi então nossa ideia de fazer um village para as pessoas se encontrarem, com vários restaurantes, lojinhas de moda, de acessórios, aluguel de equipamentos esportivos e náuticos, de cestas de piquenique, uma florista, um beach club, marina e 20 unidades menores hoteleiras.”

O spa com academia e piscina de watsu (terapia corporal na água) é outra “ilha dentro da ilha”. Uma programação cultural inclui desde exposições de artistas residentes até workshops de gastronomia com chefs mundialmente renomados e atividades educativas com impressoras 3D e plástico reciclado do oceano para crianças.

E, surpresa, o lugar abriga o Skyspace, um pavilhão do artista americano James Turrell com uma abertura que permite observar o céu pela perspectiva da arte. A obra deve ser, de fato, impactante. Mas, sem dúvida, a melhor parte é, de sua villa, avistar o azul infinito e escutar o doce borbulhar do mar.